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O otimismo com a eleição de Donald Trump declarado por Adriano Cantreva, sócio da Portofino Multi Family Office, que atua em Nova York, em conversa com o blog, em fevereiro, foi substituído por apreensão. O analista, que acompanha o mercado global há mais de três décadas, diz que a intensidade e a velocidade da implementação da política protecionista de Trump surpreenderam o mercado. Em um novo dia de pânico no mercado global, desde o anúncio das tarifas recíprocas, a expectativa agora, diz Cantreva, é que o presidente americano tenha um plano B.
– A gente imagina que ele (Trump) não seja tão maluco quanto parece e que não vai até as últimas consequências. Olhando para minha tela, agora está tudo no vermelho e o mercado não vai melhorar enquanto não for possível ter alguma perspectiva do que vai acontecer. Quanto mais tempo essa situação for mantida, maiores as perdas do mercado e mais tempo demoraremos para recuperação – diz Cantreva.
E acrescenta:
– Um grau de incerteza é natural, mas o que tivemos foi uma reversão de expectativa. O mercado esperava que Trump repetisse o que aconteceu com México e Canadá, que ele anunciou, depois postergou, negociou, mas ele veio com um canhão, veio com tudo. E a velocidade de implementação das tarifas não abriu muito espaço para negociar. Neste momento que estamos vivendo agora, é hora de aguardar e não fazer nada, é melhor do que reagir com emoção, o mercado está reagindo com emoção.
Na avaliação do analista, era preciso de fato fazer algo para reverter o déficit comercial e fiscal do governo americano. Cantreva admite, no entanto, que o caminho escolhido por Trump não é o mais adequado. A escalada de Trump, diz, o colocou no corner:
– E isso não é bom. O mesmo aconteceu em relação à guerra da Ucrânia, ele disse que colocaria fim e não conseguiu. Se não obtiver êxito, agora sairá com papel de bobo. Os Estados Unidos são uma força economicamente global, mas podem perder esse status se os outros países decidirem isolar os EUA. Mas ainda acredito que ele vai abrir negociação. Já se fala que vários países estão buscando o governo americano para negociar, ele está no papel dele em dizer que não vai retroceder ou vai perder o poder de negociação. Esse é o estilo Trump.
A pressão da sociedade americana sobre Trump pode se acirrar em breve. Para além das perdas das empresas, os americanos estão vendo nos últimos dias a sua aposentadoria – composta em grande parte por ações – encolher significativamente, pontua Cantreva. O analista diz que pode vir também desse público a pressão para que o presidente americano recue.
O que você precisa saber: Nesta quarta-feira (19), foram divulgadas as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Thomas Gibertoni e Burton Mello, do nosso time de Gestão, comentaram as decisões.
O COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil) decidiu, em sua última reunião, elevar a taxa Selic em 1,00%, levando-a a 14,25% ao ano. Esse movimento estava amplamente previsto pelo mercado financeiro, que já havia precificado essa decisão em suas expectativas. O comunicado emitido pelo Comitê, no entanto, trouxe nuances importantes que reforçam o tom firme e comprometido do Banco Central com o controle da inflação, alinhando-se às projeções de um cenário de aperto monetário prolongado.
O texto do comunicado foi considerado mais duro do que o esperado, principalmente pelo fato de o BC já sinalizar, de forma explícita, que deve promover um novo ajuste na taxa de juros na próxima reunião, ainda que de magnitude menor. Essa postura reforça a disposição da autoridade monetária em manter o combate às pressões inflacionárias, mesmo diante de um cenário global e doméstico desafiador, marcado por incertezas fiscais e volatilidade nos mercados internacionais.
Do ponto de vista do mercado, essa sinalização clara de continuidade no ciclo de alta dos juros tende a trazer mais previsibilidade para os agentes econômicos. Como resultado, é esperada uma resposta positiva nos juros de prazos mais longos, com possíveis quedas nas taxas futuras, refletindo uma maior confiança na ancoragem das expectativas inflacionárias. Além disso, o dólar pode apresentar uma tendência de desvalorização frente ao real, uma vez que a manutenção de uma política monetária restritiva tende a aumentar o atrativo dos ativos brasileiros para investidores estrangeiros.
No que diz respeito ao mercado acionário, o impacto deve ser mais neutro. Por um lado, a sinalização de um BC firme no combate à inflação pode ser vista como positiva, pois reduz o risco de descontrole nos preços no médio prazo. Por outro lado, a perspectiva de juros mais altos por um período prolongado pode pesar sobre o desempenho das empresas, especialmente aquelas mais endividadas ou sensíveis ao custo do crédito. Assim, o efeito líquido sobre a bolsa de valores deve ser limitado, com movimentos setoriais específicos ganhando destaque.
Em resumo, a decisão do COPOM reforça o compromisso do Banco Central com a estabilidade econômica, mas também evidencia os desafios que o país enfrenta para equilibrar crescimento, inflação e expectativas de mercado. A próxima reunião será crucial para avaliar se o ciclo de alta dos juros está próximo do fim ou se ainda há espaço para novos ajustes, dependendo da evolução dos indicadores macroeconômicos nos próximos meses.
Thomas Gibertoni Sócio | Portfolio Manager
O Federal Open Market Committee (FOMC) divulgou sua mais recente decisão, optando por manter a taxa de juros entre 4,25% e 4,5%. De acordo com o comunicado, a economia americana continua se expandindo em um ritmo sólido, com o desemprego estabilizado em níveis baixos e condições do mercado de trabalho que permanecem favoráveis. Entretanto, a inflação continua um pouco acima do ideal de 2% estabelecido pelo comitê.
O comitê destacou que a incerteza em relação às perspectivas econômicas aumentou, e por isso continuará monitorando atentamente os dados econômicos, o cenário em evolução e o equilíbrio de riscos, permanecendo pronto para ajustar sua política monetária conforme necessário para atingir seus objetivos de máximo emprego e estabilidade de preços.
O nosso sócio e responsável pela área de Investimentos Internacionais, Adriano Cantreva, comentou em entrevista para o jornalista Fernando Nakagawa, da CNN Brasil, sobre a possibilidade de recessão nos EUA com a política tarifária de Trump.
Assista a análise completa de Adriano no vídeo abaixo.
E, neste link, você pode acompanhar o programa na íntegra.
O que você precisa saber: O primeiro mês do segundo governo Trump trouxe à tona promessas de campanha como deportações em massa e a imposição de tarifas comerciais, que geraram repercussões internacionais e tensões diplomáticas. No Oriente Médio e no leste europeu, Trump busca acordos de paz, embora suas negociações levantem preocupações.
Assim como no começo de um livro, onde o primeiro capítulo define o tom e o ritmo da narrativa, o primeiro mês do segundo governo Trump dá os primeiros sinais sobre como será este novo mandato. As promessas de campanha, que antes soavam como ideias ainda em rascunho, agora ganham contornos mais definidos, revelando as direções que o governo pretende tomar em temas centrais como economia, imigração e relações internacionais.
Política de imigração
O primeiro plano que Donald Trump colocou em ação foi de deportação em massa dos imigrantes ilegais. A medida não repercutiu apenas nos Estados Unidos, mas em vários outros países, inclusive o Brasil. O processo gerou um desconforto diplomático entre os dois países quando os brasileiros que retornavam criticaram as condições em que foram transportados de volta.
O desconforto não foi apenas com o Brasil. A nossa vizinha Colômbia e uma das principais parceiras dos Estados Unidos na região também mostrou descontentamento com a forma que estava sendo conduzida a deportação de seus cidadãos. O rápido imbróglio foi o suficiente para que Trump colocasse outra carta na mesa: as tarifas.
Tarifas
Entretanto, ali era o início do próximo grande passo do governo americano. Dias após, Trump anunciou tarifas de 25% para produtos do México e Canadá, além da taxação de 10% sobre os produtos chineses importados para os EUA. Em resposta, a China impôs tarifas de 10% e 15% sobre importações dos Estados Unidos, medida que pode afetar cerca de US$ 14 bilhões em produtos.
Apesar da imposição das tarifas, os países fronteiriços viram o congelamento da medida por um mês, após os governos anunciarem reforços nas fronteiras. O presidente americano havia dito que usaria as tarifas para pressionar os vizinhos a reforçarem suas políticas para controlar o fluxo de drogas aos EUA, principalmente o fentanil, a droga que mais mata no país, e a entrada de imigrantes ilegais.
O tarifaço também chegou ao Brasil, com as medidas sobre a importação de aço e alumínio em 25%. Os EUA, segundo dados da Comexstat, compram quase a metade do aço que produzimos, cerca de 48%, e com as novas tarifas é possível que os americanos comprem menos. Com isso, Trump espera fortalecer o setor metalúrgico interno do país, fazendo com que a indústria compre mais metais produzidos em solo americano em vez de importar.
E as medidas não param por aí. Trump ainda anunciou uma série de tarifas recíprocas, para países que impõem impostos sobre importações americanas e que são consideradas “injustas” por ele. E novamente o Brasil foi citado, dessa vez com o etanol. Segundo o presidente americano, as taxas dos EUA sobre o etanol são de 2,5%, enquanto o Brasil impõe uma tarifa de 18%. As novas regras não entraram em vigor imediatamente, buscando dar tempo aos países que devem ser impactados negociar novos termos comerciais com o governo americano, afirmou um funcionário da Casa Branca.
Guerra no Oriente Médio e leste europeu
O primeiro mês também marcou o envolvimento americano nas guerras do Oriente Médio e do Leste Europeu. Em relação à primeira, o governo Trump começou estabelecendo um acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas – entretanto, o governo Biden reivindica para si as negociações que levaram a esse acordo. Esse cessar-fogo já resultou na troca de reféns entre os envolvidos, mas, nos últimos dias, o presidente subiu o tom do discurso após o Hamas atrasar a troca de reféns, além de ter dado declarações em que propôs a expulsão dos palestinos da Faixa de Gaza e dizer que vê os EUA tendo uma “posição de propriedade de longo prazo” no território.
No leste europeu, a promessa de acabar com a guerra em 24 horas depois de eleito foi por água abaixo. Mas, nas últimas semanas, o presidente americano se movimentou para começar a traçar os caminhos que podem levar ao fim desse conflito. Trump falou com os presidentes da Rússia e da Ucrânia e representantes do seu governo se reuniram com representantes russos na Arábia Saudita, onde concordaram em iniciar o trabalho para a paz.
Contudo, as negociações estão levantando receios quanto ao poder e participação da Ucrânia no acordo, assim como de todo o continente europeu. A fala de Trump que “é improvável a Ucrânia ter suas terras de volta” e o descarte da entrada do país na Otan levou preocupação ao Ocidente. Além disso, Trump fez uma publicação em sua rede social, Truth Social, chamando o líder ucraniano de ditador e o alertando a “se apressar” ou ficará “sem país”.
Inflação, juros, economia
O principal receio das medidas é um possível impacto inflacionário, o que pode manter as taxas de juros dos Estados Unidos elevadas por mais tempo. O presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que não vê necessidade de acelerar cortes de juros, citando a força da economia.
Na ata da última reunião, realizada em 28 e 29 de janeiro, na qual a taxa de juros se manteve entre 4,25% a 4,50%, membros do comitê demonstraram preocupação com os efeitos das tarifas e da repressão à imigração na inflação, no mercado de trabalho e no crescimento econômico. No documento, “os participantes indicaram que, desde que a economia permanecesse perto do emprego máximo, eles gostariam de ver mais progresso na inflação antes de fazer ajustes adicionais na taxa de juros”.
Em janeiro, o índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA registrou alta de 0,5%, acumulando inflação de 3% nos últimos 12 meses, superando as previsões do mercado de 0,3% no mês e 2,9% no ano. O núcleo do CPI, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, subiu 0,4% no mês e 3,3% em um ano.
Com tudo isso apenas no primeiro mês, o que está claro é que o segundo governo Trump deverá ser intenso, repleto de tensões e impactos que suas decisões poderão gerar, tanto no cenário doméstico quanto internacional.
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O presidente Donald Trump está surpreendendo a todos com a velocidade e a agressividade das medidas que vem anunciando nas suas duas primeiras semanas de governo, levando analistas a preverem inflação e juros mais altos nos EUA e uma desaceleração da economia mundial diante de uma possível guerra comercial global. O mercado americano, no entanto, continua confiante no novo governo e nos efeitos positivos que pode ter sobre a economia americana. E a razão é simples: eles acreditam que muito do que Trump fala é bravata e que, no fim, o bom senso vai prevalecer, diz Adriano Cantreva, sócio da Portofino Multi Family Office, que atua em Nova York, de onde há mais de 30 anos acompanha os movimentos do mercado global.
-É a estratégia negocial de Trump, ele vai com tudo ou não vai ter o efeito que deseja. Alguma coisa do que vem ameaçando, por exemplo, em relação às tarifas, será implementada. Mas ele sabe que, se fizer tudo como anunciou, vai ter efeito na economia americana, piora nos indicadores, no desemprego e ele não quer isso. Todos os países estão jogando xadrez, aguardando o movimento do outro, foi assim com Canadá e México e também está acontecendo com a China. Radicalizar e derrubar o tabuleiro não é bom para ninguém, por isso acho que o bom senso vai prevalecer. Ele radicaliza mais no discurso que, na prática, foi assim no primeiro governo, e será assim nos próximos quatro anos – avalia Cantreva.
A visão otimista do mercado, explica o analista, vem da perspectiva de desregulamentação da economia, o que acredita aumentará os investimentos privados:
-A economia americana vai bem, mas muito estimulada pelo investimento público, desde a pandemia. Com a desregulamentação prometida por Trump, em setores como energia, meio ambiente e no órgão correspondente ao Cade brasileiro, a avaliação é que haverá mais movimentação do capital privado, empurrando os negócios para frente. Todo esse movimento só terá reflexo no segundo semestre. Até aqui, o governo tem feito movimentos em direções conflitantes, não se sabe ao certo qual vai prevalecer, mas acreditamos que, se der errado, ele vai dar um passo atrás.
Cantreva diz que a economia americana continua a ser a “grande locomotiva do mundo”, ainda mais diante do arrefecimento do mercado na China, o que dá força a Trump na negociação.
-Ele tem as cartas na mão. Canadá e México podem até procurar outros parceiros, mas nenhum oferece o que os EUA podem dar. E no fim, acaba saindo barato o acordo feito até agora para eles. Em lugar da tarifa, o governo mexicano vai colocar dez mil homens da guarda nacional na fronteira. A ação do governo canadense vai custar US$ 1,3 bi.
O que você precisa saber: Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos e, em pouco tempo, já tomou medidas nos principais temas que o ajudaram a conseguir a vitória.
A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos marca o início de uma administração que se propõe a romper paradigmas e redefinir prioridades nacionais e internacionais. Com uma abordagem direta e assertiva, Trump apresenta-se como um líder disposto a enfrentar desafios globais e domésticos com ações rápidas e, muitas vezes, inesperadas. Desde antes de sua posse, suas declarações e iniciativas já sinalizavam mudanças significativas, refletindo uma estratégia de liderança que combina pragmatismo e imprevisibilidade.
Trump tem demonstrado um esforço constante para se conectar aos pontos mais relevantes e sensíveis da agenda global, como a paz no Oriente Médio, o fim do conflito na Ucrânia, a crise energética, as tensões comerciais com a China e até questões sociais polêmicas como a identidade de gênero. Essa postura, embora controversa, consolida sua influência em temas centrais para a política internacional e reafirma seu compromisso em ser uma figura de protagonismo global.
A diplomacia no Oriente Médio: um gesto ousado Uma das primeiras movimentações de Trump foi enviar Steve Witkoff, um representante judeu e aliado de longa data, para intermediar conversas entre Israel e o Hamas. Witkoff, conhecido por sua atuação no setor imobiliário, reuniu-se com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e outras lideranças regionais. Seu papel foi essencial para mediar acordos preliminares, ainda que envoltos em controvérsias sobre a escolha de um enviado sem experiência diplomática formal. Essa estratégia reflete a abordagem de Trump de confiar em pessoas de sua rede pessoal para tarefas de alta relevância.
Como resultado, foi acordado um cessar-fogo na região de Gaza, no qual o Hamas seu comprometeu com a liberdade dos reféns e Israel em soltar palestinos presos e recuar em Gaza. Apesar da notícia positiva, há um disputa política por trás em relação a esse acordo nos Estados Unidos: foram os esforços diplomáticos de Trump ou de Biden ao longo dos meses que resultaram nessa solução? Cada um tenta reivindicar para si o sucesso nas negociações.
Ucrânia e Rússia: uma promessa de paz Trump também sinalizou intenções ousadas no conflito entre Ucrânia e Rússia, prometendo acabar com a guerra em um curto espaço de tempo. Segundo o presidente, sua abordagem direta e assertiva seria capaz de levar as partes ao diálogo e evitar uma escalada que poderia culminar em uma terceira guerra mundial. Embora suas declarações atraiam atenção, críticos questionam a viabilidade de sua promessa e o impacto que ela pode ter na já delicada relação dos Estados Unidos com a OTAN e outros aliados.
Os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, da Rússia e Ucrânia, respectivamente, parabenizaram Trump e se manifestaram sobre possíveis resoluções para o conflito. Putin afirmou que está “aberto ao diálogo” para alcançar a “paz duradoura” com a Ucrânia, enquanto Zelensky postou na rede social X que a a administração Trump representa uma oportunidade de alcançar uma paz justa no país.
Questão de gênero: um discurso polêmico Em seu discurso de posse, Trump abordou a questão de gênero de maneira direta e controversa, afirmando: “Agora só existem dois gêneros: masculino e feminino.” Essa declaração reflete uma postura alinhada com setores conservadores de sua base de apoio e aponta para possíveis mudanças em políticas federais relacionadas a direitos LGBTQIA+. Enquanto aliados aplaudem a posição como um retorno a valores tradicionais, críticos destacam o impacto potencialmente excludente e os desafios que essa visão pode trazer em um contexto social mais amplo e diversificado.
Imigração: enfrentando cidades-santuário No campo da imigração, Trump planeja iniciar a deportação de imigrantes em cidades-santuário como San Diego e Chicago, o que já está gerando um confronto antecipado com lideranças locais. As cidades-santuário, conhecidas por oferecerem proteção a imigrantes indocumentados, preparam-se para enfrentar uma pressão sem precedentes do governo federal. Prefeitos e governadores dessas regiões já sinalizaram resistência às medidas, antecipando batalhas legais e políticas nos próximos meses.
Minutos após a posse, o republicano não demorou para tomar as primeiras medidas no âmbito da imigração. O presidente declarou emergência nacional na fronteira com o México e revogou o direito de cidadania automática para filhos de imigrantes ilegais.
Economia e tecnologia: decisões adiadas e lançamentos polêmicos Trump optou por adiar a imposição de novas tarifas sobre produtos chineses e solicitou estudos mais detalhados sobre os impactos econômicos dessas medidas. Segundo ele, é necessário evitar decisões precipitadas que possam prejudicar tanto o comércio internacional quanto a economia doméstica. Essa abordagem demonstra certa cautela em relação à China, mesmo após críticas feitas durante sua campanha. A decisão de adiar as tarifas também foi vista como um esforço para manter a estabilidade econômica enquanto sua administração assume o controle das políticas comerciais.
Por outro lado, sua administração adiou também a definição sobre o futuro do TikTok nos Estados Unidos, um tema que continua sendo observado de perto pelo setor de tecnologia.
Ademais, tanto Trump quanto sua esposa, Melania Trump, lançaram criptomoedas que rapidamente atraíram atenção no mercado financeiro. A criptomoeda $TRUMP, associada à figura do presidente, foi projetada para promover a ideia de liberdade financeira e expressão. Melania, por sua vez, apresentou a $MELANIA, que ganhou destaque como um ativo digital relacionado a causas sociais. Ambas as moedas geraram debates sobre seus objetivos e possíveis conflitos de interesse, mas também ilustram o impacto de suas marcas pessoais no mercado global.
Energia: ordens executivas e emergência nacional No setor de energia, Trump assinou um ato que declara emergência energética nacional, destacando a necessidade de reduzir a dependência de recursos estrangeiros e impulsionar a produção doméstica de combustíveis fósseis. A medida também prevê investimentos na modernização de infraestruturas críticas, como redes elétricas e oleodutos, com o objetivo de garantir maior segurança e eficiência no abastecimento. Além disso, a flexibilização de regulações ambientais foi enfatizada como uma estratégia para atrair investimentos no setor de energia e criar empregos. Enquanto apoiadores elogiam as ações como necessárias para a independência energética dos Estados Unidos, críticos apontam os potenciais danos ao meio ambiente e o retrocesso nas metas de sustentabilidade.
Do discurso à prática: o desafio presidencial O fim do discurso como candidato e o início do mandato como presidente trazem um novo foco à liderança de Donald Trump. Suas ações iniciais revelam o tom que deve marcar sua administração: direta, polêmica e orientada para resultados rápidos. Resta observar como essas iniciativas se desdobrarão e quais impactos trarão às dinâmicas internas e externas dos Estados Unidos.
Donald Trump utiliza a imprevisibilidade como uma de suas principais estratégias de liderança. Quando afirma que fará algo, muitas vezes não faz; quando garante que não tomará uma decisão, surpreendentemente a executa. Essa abordagem confunde adversários e aliados, ao mesmo tempo em que reforça sua mensagem de poder e controle. Ao desnortear seus críticos e mostrar quem realmente dá as cartas, Trump estabelece uma narrativa de comando absoluto que desafia convenções políticas tradicionais.