O Brasil como ele é: sol, praias e nada monótono

O Brasil como ele é: sol, praias e nada monótono

(Tempo de leitura: 5 minutos)

O que você precisa saber:
O cenário econômico e político no Brasil é sempre – muito – movimentado, e neste ano não tem sido diferente.


Dizem que ser brasileiro é um privilégio: praias que parecem pintadas à mão, uma cultura vibrante, uma natureza que nos abraça de verde e vida, um cheiro de comida que acalma a alma e, claro, um talento nato para o futebol. Mas há algo a mais, uma característica que nos define e nos mantém na ponta da cadeira: o Brasil simplesmente se recusa a ser monótono. Por aqui, a vida é uma série de reviravoltas, e o cenário político e econômico é o nosso show de “breaking news” particular.

Vamos começar pelo espectro da economia. Empossado no começo do ano como presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo aplicou remédios amargos na economia, elevando os juros a 15% ao ano – o maior patamar em quase 20 anos – em resposta a um cenário de elevada incerteza, tanto no cenário externo — com destaque para as políticas comerciais dos Estados Unidos — quanto no doméstico, especialmente em relação aos rumos da política fiscal e inflação.

Na última decisão de juros, o Copom manteve a taxa básica em 15% ao ano, com um tom duro e antecipando manutenção neste patamar para a próxima reunião. Segundo o nosso sócio e Portfolio Manager, Thomas Gibertoni, diante desse cenário, o Banco Central decidiu manter os juros altos por mais tempo para garantir que a inflação volte à meta. Além disso, o Comitê reforçou que vai continuar atento e pode voltar a subir os juros se perceber que os riscos aumentaram, como o aumento com incertezas sobre a guerra comercial com os Estados Unidos, que pode respingar na inflação por aqui.

E por falar em inflação, aquela sombra que assombra o nosso bolso… parece que ela está dando um sinal de paz – mas com muito trabalho ainda pela frente. O IPCA de julho subiu 0,26%, ficando abaixo das expectativas do mercado (0,36%) e mostrou desaceleração no acumulado em 12 meses (de 5,35% para 5,23%). O núcleo de inflação (que exclui itens voláteis) seguiu em desaceleração, reforçando que a pressão inflacionária está perdendo força. É como se, finalmente, as sementes que o Banco Central plantou estivessem dando frutos.

Conclusão? “Os dados reforçam que a inflação está em trajetória de queda, com menos pressão nos setores mais sensíveis à política monetária. Isso apoia a visão do BC de que os juros altos estão funcionando e abre discussão para corte ainda em 2025.”, analisou o nosso Portfolio Manager.

Se a economia nos mantém atentos, a política é o palco onde o espetáculo não para.

Nos primeiros meses do ano, o governo sentiu o peso da opinião pública. Pesquisas de popularidade, como a do Datafolha, revelaram uma desaprovação recorde, mostrando que a lua de mel com a população já havia terminado. A cada nova pesquisa, um novo resultado negativo, e a cada dia uma nova polêmica assombrando o Palácio do Planalto — do aumento do IOF ao rombo do INSS.

A bola da vez é o desgaste entre o governo brasileiro e o dos Estados Unidos, que acarretou na imposição de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros. Mas, como em toda boa história, o roteiro também tem reviravoltas. Nas últimas semanas, a aprovação do governo deu um pequeno sinal de vida, como uma planta que recebe um pouco de sol depois de dias de chuva. Os dados, divulgados pela pesquisa da AtlasIntel, trouxeram um fôlego, mostrando que, pela primeira vez desde 2024, a aprovação de Lula superou numericamente a desaprovação.

Leia mais: Gestão Dinâmica | Trump impõe tarifaço ao Brasil: embate comercial vira capital político para Lula

Será que essa pequena melhora na economia vai ser suficiente para manter o governo em posição de força para 2026?

(Aprofunde-se no assunto em nosso texto sobre “A nova lógica eleitoral brasileira: por que a boa economia não tem sustentado a avaliação do atual governo?”)

No final das contas, o título do nosso texto se confirma: o Brasil é nada monótono. Seja na política ou na economia, sempre teremos o que conversar e o que nos preocupar. E é por isso que, mais do que nunca, a necessidade de um gestor profissional é fundamental — alguém para ajudar a decifrar os sinais e navegar por águas agitadas.

Pois ser brasileiro e morar por aqui tem suas vantagens, porém é uma constante negociação entre desafios e oportunidades, com uma dose de imprevisibilidade que mantém as coisas interessantes.

Nos mantemos atentos e ativos com os próximos desdobramentos.

IPCA reforça queda da inflação; nos EUA, CPI volta a acelerar

IPCA reforça queda da inflação; nos EUA, CPI volta a acelerar

(Tempo de leitura: 3 minutos)

O que você precisa saber:
Nesta terça-feira (12), foram divulgados os dados de inflação do Brasil e nos Estados Unidos. Nesse artigo, confira a análise dos resultados.


O IPCA de julho subiu 0,26%, ficando abaixo das expectativas do mercado (0,36%) e mostrando uma desaceleração no acumulado em 12 meses (de 5,35% para 5,23%).

Os núcleos de inflação (que excluem itens voláteis) seguiram em desaceleração, reforçando que a pressão inflacionária está perdendo força:

  • Bens industriais: queda de 3,5% para 2,2% (em 3 meses)
  • Serviços: desaceleração de 6,5% para 6,0%
  • Serviços com mão de obra intensiva: recuo de 5,9% para 5,5%

O IPCA de julho reforça que a inflação está em trajetória de queda, com menos pressão nos setores mais sensíveis à política monetária. Isso apoia a visão do BC de que os juros altos estão funcionando e abre discussão para corte ainda em 2025.

Thomás Gibertoni
Sócio | Portfolio Manager

A inflação nos Estados Unidos voltou a acelerar em julho, refletindo principalmente a alta nos preços de bens e os primeiros sinais do impacto das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. A inflação núcleo (CPI Core) — que exclui itens voláteis como alimentos e energia — subiu 0,3% no mês, acima dos 0,2% registrados em junho e marcando a maior alta em seis meses. No acumulado de 12 meses, o avanço foi de 3,1%, superando tanto os 2,9% observados no mês anterior quanto a expectativa de 3,0% do mercado.

Já o índice cheio de preços ao consumidor (CPI) avançou 2,7% na comparação anual, repetindo o resultado de junho e ficando ligeiramente abaixo da projeção de 2,8%. No mês, houve alta de 0,2%, desacelerando em relação aos 0,3% de junho, em linha com as estimativas dos economistas.

O relatório mostra que a pressão inflacionária dos bens não está mais sendo compensada pela desaceleração dos serviços, sugerindo uma mudança na dinâmica recente dos preços. Há também sinais de repasse das tarifas para o consumidor, embora ainda de forma limitada.

Apesar da aceleração na inflação núcleo, os números não são suficientemente fortes para impedir que o Federal Reserve siga com um corte de juros em setembro. A leitura reforça a atenção do mercado para os efeitos das tarifas, mas não altera por enquanto a expectativa de afrouxamento monetário no curto prazo.

Burton Mello
Portfolio Manager

A nova lógica eleitoral brasileira: por que a boa economia não tem sustentado a avaliação do atual governo?

A nova lógica eleitoral brasileira: por que a boa economia não tem sustentado a avaliação do atual governo?

(Tempo de leitura: 4 minutos)

A teoria do voto econômico sugere que a percepção da população sobre os governantes é influenciada pelo desempenho da atividade macroeconômica¹. De fato, uma análise mais aprofundada dos dados históricos indica que, quando a economia apresenta bom desempenho, é provável que a avaliação do governo seja positiva e que ele seja reeleito. Em contrapartida, inflação e desemprego elevados tendem a deteriorar essa percepção e reduzir as chances de reeleição ou de continuidade do grupo político no poder.

No Brasil, porém, os dados recentes mostram que essa dinâmica não tem se confirmado. Mesmo com taxas relativamente baixas de desemprego e inflação, e com a atividade econômica registrando desempenho robusto, a insatisfação da população com o atual governo permanece elevada — acima do que foi usualmente observado em contextos semelhantes². Ao que tudo indica, ruídos políticos (como o escândalo do INSS, os embates entre os Poderes Executivo e Legislativo, além da elevação do IOF e outras medidas tributárias) têm se sobreposto aos efeitos positivos de um cenário econômico mais favorável³.

É verdade que, nas últimas semanas, a avaliação negativa do governo recuou marginalmente. A imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil parece ter contribuído para um ganho de capital político por parte do governo (discurso nós versus eles), conforme discutido em relatório anterior.

Aprofunde-se: Gestão Dinâmica | Trump impõe tarifaço ao Brasil: embate comercial vira capital político para Lula

Ainda assim, esses ganhos tendem a ser limitados, e os desafios para que o governo Lula melhore sua imagem permanecem relevantes. A atividade econômica, por exemplo, deve desacelerar nos próximos meses, reflexo de uma política monetária que deve continuar contracionista ao menos até o final do ano.

Mais do que isso, a dificuldade de converter bons indicadores econômicos em apoio político expõe uma transformação mais profunda do eleitorado brasileiro. Um dos fatores centrais é a crescente presença da população evangélica no cenário eleitoral. Ainda que nem sempre explicitado nos discursos políticos, o peso da religião — em especial o avanço do eleitorado evangélico — tem moldado o comportamento do voto de forma consistente nas últimas eleições.

Essa mudança ajuda a explicar por que a prosperidade econômica não garante, como antes, um alinhamento automático entre melhora de indicadores e apoio ao incumbente. A tendência de menor adesão a partidos de esquerda em municípios com maior presença evangélica não é nova, mas ganha relevância em um contexto de polarização intensa e ativismo religioso⁴. Assim, diante de uma conjuntura econômica que tende a perder fôlego e de um eleitorado cuja composição está em rápida mutação, a nova lógica eleitoral brasileira representa um enorme desafio para um eventual sucessor de esquerda, seja ele Lula ou outro candidato.

Em tempo: pela primeira vez desde 2024, o índice de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) superou numericamente o percentual de desaprovação. Os dados, divulgados nesta quinta-feira em pesquisa da AtlasIntel em parceria com a Bloomberg, sugerem um pequeno respiro para o governo. A questão, agora, é acompanhar até que ponto a constatação de que a percepção de um ambiente econômico mais favorável não se traduz automaticamente em apoio — especialmente entre os eleitores evangélicos — poderá impor um teto ao crescimento da aprovação do governo.

Peças do motor histórico de Senna serão leiloadas pela Honda

Peças do motor histórico de Senna serão leiloadas pela Honda

(Tempo de leitura: 4 minutos)

O que você precisa saber:
O motor usado por Ayrton Senna em 1990 será leiloado pela Honda para marcar a estreia da unidade de venda de memorabilia marca.


Há motores que apenas movem carros. E há motores que movem histórias.

A Honda vai leiloar peças originais do motor que impulsionou Ayrton Senna rumo ao seu bicampeonato mundial, durante o Monterey Car Week, na Califórnia. Mas isso vai muito além de um leilão. É imaginar o som cortante daquele motor V10 rasgando as retas, o volante firme nas mãos de um piloto que parecia guiar com a alma. É, de certa forma, poder tocar um pedaço real de uma lenda. Um fragmento físico de uma época em que o talento era mais veloz do que qualquer telemetria, e Senna fazia o impossível parecer rotina.

Esse momento marca também a estreia da unidade de venda de memorabilia da Honda, e não poderia começar com algo mais simbólico: o histórico motor RA100E. A desmontagem foi realizada com precisão quase cerimonial por mecânicos qualificados na fábrica da Honda em Sakura City, no Japão — alguns dos mesmos que, décadas atrás, montaram esses corações mecânicos que hoje fazem parte da história.

E como se não bastasse o peso da memória, cada peça — eixos de comando, tampas, pistões, bielas — foi cuidadosamente preservada e apresentada em caixas de exposição, cada uma acompanhada de um certificado original de autenticidade da HRC (Honda Racing).

mclaren em exposição

Esse motor foi instalado na lendária McLaren-Honda MP4/5B de Ayrton Senna e entrou em ação nos treinos do GP do Japão e na corrida da Austrália, em 1990. No Japão, foi com ele que Senna garantiu a pole position. Foi também nesse circuito que aconteceu um dos momentos mais controversos — e simbólicos — da Fórmula 1: o choque com Alain Prost logo na primeira curva, que selou, ali mesmo, o segundo título mundial do brasileiro.

Dali, Senna, Honda e McLaren seguiram para Adelaide, na Austrália. Lá, esse mesmo motor — o RA100E-V805 — voltou ao carro do brasileiro, desta vez na corrida que encerrou a temporada. Foi o último motor Honda V10 que ele pilotou. E, como se soubesse que seu papel já estava cumprido, foi deixado intacto, sem precisar ser desmontado para estudos, já que a Honda preparava seu novo V12. Desde então, ficou em silêncio, guardado no depósito da marca — até ser redescoberto no ano passado.

Mais do que um leilão, essa é uma chance rara de reviver uma era do automobilismo que está na memória dos fãs de velocidade.  É escutar, mesmo que em silêncio, a trilha sonora das vitórias — a sinfonia de um V10 ecoando por Suzuka, Mônaco e Interlagos. É um convite a mergulhar na era dourada da velocidade, quando Senna, Honda e McLaren formavam uma tríade quase divina. Uma ode à engenharia, à paixão sobre rodas — e ao espírito eterno de um piloto que virou lenda.

Quer saber como participar do leilão e ver mais informações? Clique aqui.

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