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O que você precisa saber:
Donald Trump e Kamala Harris se enfrentaram pela primeira vez em um debate para as eleições deste ano, e discutiram assuntos relevantes, como economia, inflação e aborto, para o desfecho que vamos conhecer em 5 de novembro.
Na noite da última terça-feira (10), aconteceu o tão esperado debate presidencial entre Donald Trump e Kamala Harris. Realizado pela rede ABC News, os norte-americanos entendiam o encontro como o mais importante dos últimos tempos, e a expectativa era grande, pois esse pode ter sido o único embate entre os candidatos até a eleição.
Fugindo um pouco do que tem sido os últimos debates americanos, esse começou com um aperto de mão entre os adversários, um clima amistoso que acabou por aí. Quando o debate de fato começou, vimos interrupções (mesmo com microfones desligados), checagem de fatos ao vivo e acusações pessoais.
Do lado de Trump, o seu visual mais carrancudo e as sinalizações negativas enquanto sua adversária falava demonstraram um incômodo maior do que o apresentado contra Joe Biden. Ao contrário do que aconteceu contra o atual presidente, desta vez Trump foi mais desafiado, contra uma adversária mais enérgica e que soube como provocá-lo e tirá-lo de sua zona de conforto em alguns momentos. Por vezes, o ex-presidente se preocupou em rebater as iscas jogadas por Harris e perdeu oportunidades de abordar temas em que leva vantagem. Entretanto, o candidato demonstrou força com seus ataques incisivos à administração Biden-Harris e em expor, na sua visão, as promessas não cumpridas por parte da democrata, como em relação à imigração.
Já Harris optou por uma postura diferente, sempre com expressões para a câmera quando seu rival falava e aproveitando oportunidades de olhar “olho no olho” com os espectadores. A sua repercussão foi positiva por parte de alguns analistas internacionais que destacaram sua habilidade em provocar e desestabilizar Trump e desviar a atenção de assuntos em que leva desvantagem. Contudo, também demonstrou momentos de fraqueza ao fugir de certas perguntas e posicionamentos.
Leia mais: Relembre como foi o encontro entre Donald Trump e Joe Biden.
Economia
O esperado era que economia, aborto e imigração fossem os principais temas do evento. E foi isso que aconteceu. Economia foi o primeiro assunto, e ao serem questionados se os eleitores estavam melhores do que há quatro anos, Harris tentou se esquivar da pergunta e afirmou que quer criar uma “economia de oportunidades” e baixar os custos de Habitação. Ela disse que Trump “vai fazer o que já fez antes” e beneficiar corporações e bilionários. O republicano, no entanto, prometeu impor tarifas aos outros países e afirmou que o seu plano “vai fazer as pessoas criarem empregos e gerar muito dinheiro para o país”. Ele ainda atacou a democrata ao dizer que ela não tem um plano e “só copiou Biden”.
Aborto
Em um dos temas em que os adversários apresentem maiores divergências, Harris criticou o posicionamento de Trump no assunto, citando os Estados em que as mulheres não podem realizar aborto e receber cuidados devido às “proibições de Trump ao aborto”, segundo suas palavras. Ela foi categórica contra seu adversário e pontuou que isso “é um insulto às mulheres da América” e que o ex-presidente “não deveria dizer a uma mulher o que fazer com o seu corpo”. Sobre esse tema, Trump defendeu sua decisão de que deveria ser uma questão estadual, assim como o seu apoio de proibir o aborto de seis semanas na Flórida. Ele também ja´comentou que é a favor do aborto em casos de crime, como estupros.
Imigração
Enquanto o aborto é um tema delicado para Trump, imigração é um assunto em que o ex-presidente parece levar vantagem com o eleitorado americano. Entretanto, o tópico marcou o momento mais controverso do debate, quando Trump afirmou que imigrantes estão comendo animais de estimação em Springfield, Ohio. O moderador do debate, contudo, desmentiu a afirmação e citou que o prefeito da cidade disse que não há relatos relacionados às alegações.
Tentativa de assassinato
Em relação ao ataque que sofreu, Trump culpou a postura dos democratas pela tentativa de assassinato. Ele comentou que “levou um tiro na cabeça devido às coisas que dizem sobre mim. Eles falam sobre democracia, dizem que sou uma ameaça à democracia”.
Guerra no leste europeu
O ex-presidente novamente foi contundente ao afirmar que terminaria com o conflito em 24 horas, que os líderes de outros países acham Biden e Kamala “fracos e extremamente incompetentes” e que ele é o único que separa os Estados Unidos de uma Terceira Guerra Mundial. A democrata, por outro lado, defendeu a atuação do governo, assim como associou que, se Trump estivesse no poder, Putin já teria conquistado a Ucrânia.

Repercussão do debate
Os eleitores americanos acreditam que Kamala Harris teve um desempenho melhor do que Donald Trump. Segundo pesquisa da CNN, 63% dos participantes acham que Harris foi melhor, enquanto para 37% a vitória foi de Trump. O jornal “The Washington Post” ouviu votantes dos chamados swing states (estados decisivos para definir o vencedor da eleição) em uma pesquisa qualitativa, na qual 23 dos 25 entrevistados disseram que a democrata levou a melhor.
O lado republicano reclamou que os moderadores, David Muir e Linsey Davis, da ABC, favoreceram a democrata durante o debate ao verificarem as afirmações de Trump ao vivo. Importante lembrar que Trump já processou a rede de televisão por difamação no início do ano.
Apesar de ter considerado este como o seu “melhor debate de todos os tempos”, o candidato foi duro nas críticas. “Foi manipulado, como eu presumi que seria. (…) Quando você olhava para o fato de que eles estavam corrigindo tudo e não corrigindo ela. Foi um três contra um. Tudo bem, eu tive chances piores antes, mas nunca tão óbvias”. Ao ser questionado sobre um novo debate, ele respondeu: “talvez se fosse em uma rede justa, eu faria isso”.
Em uma rede social, Trump disse que não vai participar de outro debate contra Kamala e publicou que “quando um boxeador profissional perde a luta, a primeira coisa que ele fala é que quer uma revanche. As pesquisas mostram claramente que eu ganhei o debate”. A campanha de Kamala tinha demonstrado desejo em participar de um novo debate, em outubro.
Este é um texto apartidário e tem por objetivo apenas informar sobre as eleições americanas, sem nenhuma preferência, inclinação ou envolvimento com partidos, ideologias ou debates políticos.