Análise Fundamentalista: a metodologia além dos gráficos

Análise Fundamentalista: a metodologia além dos gráficos

(Tempo de leitura: 7 minutos)

O que você precisa saber:
A Análise Fundamentalista avalia o valor intrínseco de uma empresa com base em seus fundamentos econômicos e financeiros, ajudando investidores a tomarem decisões informadas para o longo prazo.


Para entender a Análise Fundamentalista, podemos comparar o processo de compra de uma casa ou apartamento. Antes de fechar o negócio, você inspeciona cada detalhe: a estrutura, o encanamento, a eletricidade, a localização e até conversa com os vizinhos para saber sobre a vizinhança. Essa investigação cuidadosa é essencial para garantir que você está fazendo um bom investimento. Da mesma forma, acontece com essa metodologia, que envolve uma análise detalhada dos “alicerces” de uma empresa para determinar se vale a pena investir nela.

O que é a Análise Fundamentalista?

A Análise Fundamentalista é uma metodologia utilizada por investidores para avaliar o valor intrínseco de uma empresa. Diferentemente da Análise Técnica, que se baseia em gráficos e padrões de preço, esse modelo foca nos fundamentos econômicos e financeiros da empresa.

Como funciona a Análise Fundamentalista?

A Análise Fundamentalista pode ser dividida em quatro passos principais:

  1. Análise Macro e Microeconômica: analisar o ambiente macroeconômico (economia global e nacional) e o setor em que a empresa opera.
  2. Análise Qualitativa: entender as pessoas por trás da empresa, quem são os sócios e o que eles fizeram no passado, avaliar a diretoria que toca a operação no dia a dia e como funciona o alinhamento deles com os acionistas. Além disso, buscamos aqui avaliar quais são as vantagens competitivas da companhia em relação a seus pares.
  3. Análise Financeira: aqui, envolve examinar os relatórios financeiros para entender a saúde, lucratividade e estabilidade da empresa.
  4. Valuation: finalmente, usam-se técnicas como o fluxo de caixa descontado para projetar os fluxos de caixa futuros e descontá-los ao valor presente. Se o valor intrínseco encontrado for maior que o preço de mercado, a ação pode estar subvalorizada e ser uma boa compra.

Dentre esses passos, alguns componentes são importantes ao utilizar essa metodologia:

  • Demonstrativos Financeiros:
    • Balanço Patrimonial: apresenta os ativos (o que a empresa possui), os passivos (suas dívidas) e o patrimônio líquido (a diferença entre ativos e passivos);
    • Demonstração de Resultados: avalia o desempenho da empresa ao longo do tempo, passando por receitas, custos, despesas e lucros;
    • Demonstração de Fluxo de Caixa: acompanha o dinheiro que entra e sai da empresa, essencial para entender sua liquidez.
  • Indicadores Financeiros:
    • P/L (Preço/Lucro): relação entre o preço da ação e o lucro por ação. Indica quanto os investidores estão dispostos a pagar por cada real de lucro;
    • ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido): mede a rentabilidade dos recursos próprios da empresa. Um ROE alto geralmente é um bom sinal;
    • Dívida/Patrimônio Líquido: avalia o grau de endividamento da empresa. 

Análise Fundamentalista x Análise Técnica

Cada uma dessas metodologias oferece uma perspectiva única sobre como avaliar e selecionar ativos financeiros. Por exemplo, enquanto a abordagem da Análise Técnica utiliza gráficos e padrões de preço, a Análise Fundamentalista examina os demonstrativos financeiros, indicadores econômicos, gestão da empresa e o setor de atuação. 

Além da abordagem, há outros fundamentos principais que diferenciam essas duas metodologias.

1. Horizonte de Tempo

A Análise Fundamentalista é geralmente aplicada para investimentos de longo prazo, para os investidores que estão olhando empresas que tenham um bom desempenho sustentado ao longo do tempo. Já a Análise Técnica é muito utilizada pelos traders que procuram aproveitar movimentos de preços de curto a médio prazo para obter ganhos rápidos.

2. Ferramentas e Indicadores

Enquanto a Análise Técnica utiliza gráficos de preços (candlestick, linha, barra) e volume de negociação, o modelo fundamentalista mergulha no DNA da empresa, analisando o balanço patrimonial, demonstração de resultados, demonstração de fluxo de caixa e relatórios de análise de mercado.

3. Dados Utilizados

Nesse quesito, a Análise Técnica tem como característica se basear em dados do mercado, como preços e volumes de negociação. Os investidores que utilizam essa metodologia acreditam que as informações necessárias para a tomada de decisão estão refletidas nos gráficos. A Análise Fundamentalista, por outro lado, é baseada em dados quantificáveis e qualitativos. A partir do estudo de dados financeiros e econômicos da empresa, assim como notícias relevantes e informações sobre o setor e a economia global.

Por que usar a Análise Fundamentalista?

Investir com base em fundamentos ajuda a tomar decisões mais informadas e menos sujeitas a flutuações de curto prazo no mercado. Ela exige tempo e conhecimento. Contudo, também tem a capacidade de oferecer insights que ajudarão a encontrar oportunidades de investimentos que possam passar despercebidas.

Na Portofino, contamos com um time de gestão robusto, experiente e complementar, onde todas as decisões de investimento são tomadas de forma colegiada em diferentes e recorrentes comitês, garantindo uma abordagem equilibrada e bem fundamentada. 

Todas as nossas decisões de investimento passam por um rigoroso processo de escolha, buscando sempre um equilíbrio entre potencial de crescimento e sustentabilidade financeira. Analisamos relatórios detalhados fornecidos por nossos bancos parceiros, realizamos uma avaliação de risco própria e submetemos ao comitê para aprovação. 


Este texto tem fins informativos e educacionais e não constitui uma recomendação de investimento. Nenhuma estratégia de investimento, incluindo a análise fundamentalista ou técnica, garante retornos positivos ou evita perdas. As abordagens discutidas devem ser adaptadas às circunstâncias individuais de cada investidor. É importante que cada investidor realize sua própria pesquisa e considere seus objetivos, tolerância ao risco e situação financeira antes de tomar decisões de investimento.

O que é verdade e mentira sobre investir no exterior

O que é verdade e mentira sobre investir no exterior

(Tempo de leitura: 5 minutos)

O que você precisa saber:
Os investimentos internacionais são extremamente relevantes para diversificação e proteção contra flutuações econômicas locais. Apesar de dúvidas e medos comuns, investir no exterior é acessível, legal e oferece diversas vantagens, como maior diversificação e acesso a mercados mais maduros.


Os investimentos internacionais têm desempenhado um papel cada vez mais relevante no cenário econômico global, atraindo a atenção de investidores em busca de diversificação, oportunidades de crescimento e proteção contra flutuações econômicas locais. Em um mundo cada vez mais interconectado, conhecer e compreender as nuances dos investimentos internacionais é essencial para quem deseja maximizar seus ganhos e minimizar riscos.

O mercado financeiro ao longo dos anos passou por diversas modificações que facilitaram o caminho para os investidores. Antes, poderiam achar complicado realizar investimentos em outros países, mas, hoje, essa dificuldade não existe mais. 

Muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre investir internacionalmente, seja por medo, por considerarem complicado, inseguro ou até ilegal. Neste texto, abordamos algumas perguntas frequentes de nossos clientes e interessados nos nossos serviços, para desmistificar essas questões e destacar as vantagens desse tipo de investimento. Quando feito corretamente, investir internacionalmente é fundamental para navegar nos desafios do mercado financeiro global.

Verdadeiro ou falso sobre investimentos internacionais

É mais caro investir fora do Brasil?

Falso. Investir no exterior não é necessariamente mais caro. Existem opções de investimento para todo tipo de perfil, seja para acessar investimentos mais triviais com valores menores ou colocar parte significativa do patrimônio em produtos sofisticados. O mais importante da estrutura de custos é se certificar que a instituição que usará para investir e os veículos (fundos, índices, ativos direto, derivativos e outros) são os mais adequados para o seu propósito.

Maior diversificação é realmente possível?

Verdadeiro. Diversificar seus investimentos além das fronteiras nacionais ajuda a mitigar riscos locais. Por exemplo, enquanto o mercado brasileiro representa cerca de 3% dos mercados globais, investir internacionalmente oferece acesso a economias mais maduras e a uma variedade maior de empresas e setores. Em qualquer corretora ou banco, você consegue acesso não só aos ativos norte-americanos, mas também a europeus, asiáticos, da América Latina, Oriente Médio ou qualquer região de interesse.

Além da diversificação geográfica, o investidor também tem maiores opções no quesito classe de ativos, podendo, por exemplo, ter acesso às mais tradicionais como títulos do governo, emissões de dívidas de empresas e ações mas também às estruturas de crédito com garantia real, investimentos imobiliários, empréstimos privados, co-investimentos e outros.

Existem oportunidades em mercados mais maduros e economias mais fortes? Se sim, que tipo de acesso os investidores podem ter?

Verdadeiro. Mercados mais maduros e economias mais fortes, como os Estados Unidos, oferecem uma vasta gama de oportunidades para investidores. Comparado ao Brasil, onde há cerca de 400 empresas listadas, os EUA têm aproximadamente 17 vezes mais opções, totalizando entre 6.000 e 7.000 empresas listadas na NYSE e NASDAQ. Isso proporciona acesso a setores como tecnologia, healthcare, consumo e bancário, que podem não estar disponíveis localmente. Investidores podem acessar esses mercados por meio de plataformas de investimento como corretoras ou bancos, comprando ações na bolsa, bonds (emissões de renda fixa), ETFs (fundos negociados em bolsa) ou fundos de investimento nos quais podem adquirir cotas diretamente, ou investir em classes específicas. 

O mercado americano é realmente mais eficiente?

Verdadeiro. No mercado americano, a eficiência de preços geralmente é superior em comparação ao mercado brasileiro. Isso se deve à maior transparência, liquidez e participação de investidores institucionais, o que contribui para preços mais fidedignos ao valor real das empresas. Menos fatores macroeconômicos e políticos influenciam as variáveis de precificação, permitindo uma avaliação mais precisa baseada nos fundamentos das empresas e menos assimetria de informação. Essa dinâmica favorece investidores que buscam tomar decisões com base em análises detalhadas e menos sujeitas a distorções externas.

Sendo brasileiro, minhas opções são limitadas ou tenho menos acesso aos produtos americanos?

Falso. A vasta maioria dos fundos possuem classes ou acesso a investidores “offshore” e não há nenhuma limitação para brasileiros nos investimentos líquidos de renda fixa e renda variável. Com a Portofino, inclusive, temos diversos investimentos nas classes institucionais de fundos globalmente renomados. Aconselhamos apenas estar atento à tributação, que pode ser fator determinante para a sua decisão. 

Investir internacionalmente é ilegal?

Falso. Embora investimentos “offshore” tenham sido associados a atividades ilegais no passado devido a casos de evasão fiscal e lavagem de dinheiro, investir no exterior dentro das normas é perfeitamente legal e recomendado por muitos especialistas financeiros.

Os riscos são menores ao investir fora do Brasil?

Precisamos responder: depende. Assim como em qualquer investimento, os riscos variam conforme o tipo de ativo escolhido e as condições do mercado. Com uma gestão profissional adequada e diversificação, é possível controlar e mitigar esses riscos de maneira eficaz. Por outro lado, a regulamentação e o respaldo jurídico em países desenvolvidos traz maior segurança para as decisões de aplicação. 

Existe menos controle sobre os investimentos internacionais?

Falso. Apesar da diversificação de investimentos em ativos espalhados em diferentes países e economias, os nossos relatórios oferecem uma visão global, organizada e consolidada de todos os seus ativos, em todas as instituições financeiras custodiantes nas quais o investidor possui conta, locais e internacionais. 

A Portofino tem experiência e presença internacional?

Verdadeiro. Aqui na Portofino, temos uma equipe especializada liderada pelo nosso sócio Adriano Cantreva, que possui uma vasta experiência nos mercados financeiros internacionais e já dirigiu diversas empresas, como XP Inc, JP Morgan e Itaú, em operações nas Américas, Ásia e Oriente Médio. 

Com mais de 3 décadas de vivência no exterior, já morou mais tempo lá fora do que no Brasil, e hoje reside entre Miami e Nova York, acompanhando de perto as principais tendências e oportunidades no mercado externo.

Para saber mais sobre investimentos internacionais e como eles podem auxiliar na gestão do seu patrimônio, clique aqui e conheça as soluções que oferecemos.

Fernando Godoy cursou Administração de Empresas na FGV com foco em Gestão Estratégica, atuou por 2 anos em empresa de capital aberto e possui 8 anos de experiência no mercado financeiro, com ênfase em investimentos internacionais. Está no time da Portofino MFO há 6 anos, 4 deles como sócio.

Juro real: de olho no impacto dos seus investimentos

Juro real: de olho no impacto dos seus investimentos

(Tempo de leitura: 5 minutos)

O que você precisa saber:
O juro real, que considera a inflação, é essencial para avaliar o verdadeiro ganho de poder de compra de um investimento. Essa taxa é extremamente importante para os investidores ao realizar um investimento.


Juros e inflação são temas que estão sob os holofotes dos investidores nos últimos tempos. E no meio desses dois conceitos, há um extremamente importante para os investimentos: o juro real. Apesar da relevância para os investimentos, muitos investidores ainda possuem dúvidas ou até mesmo não consideram essa informação ao realizar aplicações financeiras.

O juro real nada mais é do que o quanto você realmente ganha ou perde em um investimento, após considerar a inflação do período, diferentemente do juro nominal, que não considera a inflação. A sua importância se dá porque ela mostra o – real – ganho de poder de compra ao longo do tempo. 

Imagine que você tem uma poupança que paga 10% ao ano (esse é o juro nominal). Mas durante esse ano, os preços das coisas que você compra aumentam em 4% (essa é a inflação). Mesmo que pareça que você ganhou 10%, na verdade, você não ficou 10% mais rico porque as coisas ficaram 4% mais caras. O ganho real, o que realmente aumenta o seu poder de compra, é menor.

Para encontrar o juro real, você subtrai a inflação do juro nominal, mas de uma maneira um pouco mais precisa, usando uma fórmula. No exemplo:

  1. A taxa de juro nominal é 10%.
  2. A inflação é 4%.

O cálculo simplificado seria algo assim:

Juro Real ≈ Juro Nominal − Inflação = 10% − 4% = 6%

Então, no final, seu ganho real seria aproximadamente de 6%, o que representa o quanto sua poupança realmente cresceu após considerar o aumento dos preços. Esse valor final baliza qual o ganho ou a perda real de determinado investimento ao longo do tempo.

Taxa Selic e juro real são o mesmo?

Não. A Selic representa a taxa de juros básica do país, definida pelo Banco Central, e é a principal ferramenta de combate à inflação. Além disso, ela baliza as demais taxas de juros do mercado e serve como referência para inúmeros investimentos. 

A principal diferença entre elas é que a Selic não considera o impacto da inflação, enquanto o juro real representa o retorno ajustado pela inflação.

Na última reunião do Copom, o Banco Central do Brasil optou por interromper a sequência de sete cortes seguidos na taxa básica de juros, no patamar de 10,50% ao ano. Neste cenário atual de juro nominal e inflação, o juro real está em 7,17% nos últimos 12 meses, sendo um dos maiores do mundo.

Mas o que significa para um país ter juro real alto?

Países com juro real alto tendem a atrair investimento estrangeiro, já que investidores direcionam recursos para onde os retornos reais são maiores, o que pode fortalecer a moeda local e aumentar as reservas internacionais. Por outro lado, esse cenário também pode desacelerar o crescimento econômico, aumentar a dívida pública e ter impactos sociais negativos, assim como afetar as expectativas de mercado e a confiança dos investidores na política econômica do país. 

Entender o conceito de juro real é fundamental para qualquer investidor que deseja tomar decisões financeiras informadas. Enquanto o juro nominal pode parecer atrativo à primeira vista, é o juro real que revela o verdadeiro aumento do poder de compra proporcionado por um investimento, após ajustar os efeitos da inflação, assim como influenciar e incentivar a aplicação em investimentos mais arriscados ou conservadores.

Aqui, na Portofino, temos uma equipe de gestão robusta, experiente e complementar para “proteger e ampliar o patrimônio de pessoas, famílias e empresas, de forma sustentável e multigeracional”, sempre trabalhando de forma dinâmica e buscando soluções personalizadas. 

Neste cenário econômico global, o nosso time avalia e desenha estratégias diversificadas, de forma colegiada, em diferentes e recorrentes comitês, para cada investidor e seus respectivos perfis e objetivos, considerando todos aspectos que podem impactar no retorno de seus investimentos e na perpetuação de seus patrimônios.

Para os investidores, é crucial não apenas observar as taxas de juros nominais, mas entender como a inflação impacta esses retornos. Assim, podem avaliar com precisão os reais benefícios e riscos dos seus investimentos, garantindo que suas decisões estejam alinhadas com a preservação e crescimento do poder de compra ao longo do tempo.

*Dados referentes a 17/07/2024

O guru de Warren Buffett: o que aprender com Benjamin Graham

O guru de Warren Buffett: o que aprender com Benjamin Graham

(Tempo de leitura: 7 minutos)

O que você precisa saber:
Benjamin Graham, o pai do “value investing” e da “security analysis”, é uma figura fundamental para o sucesso de investimentos a longo prazo. Warren Buffett, um dos investidores mais bem-sucedidos, é um grande seguidor das teorias de Graham.


As ideias propostas por Benjamin Graham são atemporais e essenciais para quem deseja alcançar o sucesso no longo prazo. Talvez você nunca tenha ouvido falar nele, mas saiba que as mais importantes teorias modernas de investimentos derivaram dos seus princípios. Warren Buffett é a prova viva da validade delas.

Tido internacionalmente como um dos mais bem sucedidos investidores do século XXI, Buffett, curiosamente, considera Graham como o grande investidor de todos os tempos. Conhecido como o pai do conceito de Valor (value investing) e da análise de risco (security analysis), Graham amparou sua filosofia vencedora em 3 principais preceitos que busco hoje dividir com vocês.

(Fonte: http://financialhaze.com/benjamin-graham-and-the-art-of-value-investing/)

1. “Sempre invista considerando uma margem de segurança”

Este princípio pressupõe que, ao comprar um ativo, devemos adquiri-lo com significativo desconto no seu valor intrínseco, de modo a obter uma margem de segurança que ofereça conforto em momentos de baixa.

O grande diferencial nesse conceito é que, para ele, o foco não deve estar somente em procurar barganhas, mas também oportunidades que tenham possibilidade de alto retorno, combinadas com baixo risco de desvalorização. Ou seja, uma posição ideal pressupõe baixo investimento inicial e ativos subavaliados.

Para Graham, estabilidade de ganhos e disponibilidade financeira são fatores essenciais para configurar um bom negócio. O investimento em empresas com valor de mercado inferior ao valor dos seus ativos, deduzidos de dívidas, seriam um investimento clássico amparado no preceito de margem de segurança. Afinal, se o mercado inevitavelmente reavalia preço, mais cedo ou mais tarde o valor dessa companhia será ajustado de modo a convergir para o seu valor justo.  

2. Entender a importância e as implicações do fator “Risco”

Segundo ele, o investidor deve esperar volatilidade da mesma maneira que lucro nos seus portfólios. Investimento em ações pressupõe volatilidade. Um investidor inteligente vê momentos de stress como a oportunidade perfeita para ir às compras. Graham, para facilitar o entendimento desse conceito, apresenta o seu sócio imaginário, o “Sr. Mercado”.

O Sr. Mercado oferece aos investidores diariamente precificações, de modo que cada um decida por comprar ou vender. Às vezes, ele poderá estar otimista com relação às perspectivas futuras do negócio e tenderá a pagar mais caro pela companhia; em outros momentos, todavia, poderá estar pessimista, o que refletirá em uma precificação mais baixa.

Enfim, a lição a ser tomada é a de que o mercado não pode ditar nossas decisões de investimento. Movimentos de mercado, principalmente aqueles que são bruscos, para cima ou para baixo, podem gerar decisões amparadas em emoções, o que pode ser fatal para uma carteira de investimentos.

Graham sugere, então, que, antes de fazer qualquer investimento, devemos estabelecer nossa própria estimativa de valor para uma empresa. O racional por trás disso é o de sempre amparar decisões em preceitos racionais e fatos. Sendo assim, só devemos comprar quando o preço oferecido pelo mercado vá ao encontro ao valor que estimamos, e, por outro lado, vender quando o preço estiver acima do que consideramos justo.

Em suma, o mercado vai flutuar – por vezes de maneira insana – mas, melhor do que temer a volatilidade, é usá-la como vantagem para a compra de barganhas ou realização de lucros e, para tanto, manter a racionalidade é fundamental.

De acordo com Graham, existem 2 maneiras de mitigar os efeitos negativos da volatilidade do mercado: preço médio e diversificação. Se o investidor, disciplinadamente, for comprando em igual montante de valor e em intervalos de tempo regulares, dificilmente cairá na armadilha de ter comprado todo o seu portfólio pelo valor mais caro, ou como no jargão de mercado chamamos de “comprar na máxima”. Sendo assim, inexiste a necessidade de arbitrar o momento mais favorável à montagem de posições.

Outra estratégia que sugere é a diversificação. Segundo sua teoria, misturar ativos de risco com conservadores em uma carteira de investimentos é fundamental para a preservação de capital em mercados de baixa.

3. Perfil de Investimentos

Segundo Graham, o autoconhecimento também é fator fundamental para o sucesso nos investimentos. Para ele, o investidor tem 2 opções: a primeira é de comprometer tempo e energia para se tornar um bom investidor de modo a atingir retornos superiores ao mercado – este seria o ativo -; a segunda é de assumir uma postura passiva e, possivelmente, contentar-se com retornos inferiores, mas com menos dispêndio de tempo e trabalho.

O fato é que, para Graham, o resultado está diretamente relacionado à intensidade de trabalho. Quanto mais tempo despendido, maiores retornos serão atingidos. No caso do investidor não ter tempo ou vocação para se aprofundar nos seus investimentos, sugere que busque aplicar diretamente em índices ou em carteiras que replicam índices. “Trata-se da melhor alternativa ao investidor passivo, por garantir um retorno médio favorável, sem demandar dedicação”. De maneira resumida, o investidor passivo deve buscar montar estratégias que vislumbrem o longo prazo, sem tentar prever ou se antecipar aos movimentos do mercado.

Uma segunda classificação seria Especulador versus Investidor. Segundo Graham, nem todas as pessoas do mercado são efetivos investidores. Mas o que diferencia um do outro? Simples, o investidor seria aquela pessoa que se considera sócio da empresa em que investe seu dinheiro. O especulador, por outro lado, vê ações como papéis sem valor intrínseco e, por essa razão, entende que seu valor é determinado pelo montante que alguém está disposto a pagar. Parafraseando Graham, existem investidores inteligentes, assim como especuladores inteligentes. A questão é você entender “em qual time você joga”. O grande erro é pensar como investidor e agir como especulador.

Todos os princípios sugeridos por Graham são, de certa forma, de fácil entendimento e execução. A pergunta que fica é: seguindo os preceitos à risca me tornarei Warren Buffett? Difícil de prever e, sinceramente, provável que não, mas, dado o potencial de ganho, não custa tentar, não acha? O fato é que trazer os ensinamentos de Graham para sua vida representará um divisor de águas para os seus investimentos.


O conteúdo apresentado neste texto é apenas para fins informativos e educativos. Não constitui uma recomendação de investimento ou uma orientação financeira. Consulte sempre um consultor financeiro qualificado antes de tomar qualquer decisão de investimento.

Bolsa de Valores do Rio de Janeiro: uma nova bolsa no Brasil?

Bolsa de Valores do Rio de Janeiro: uma nova bolsa no Brasil?

O que você precisa saber:
A cidade do Rio de Janeiro está próxima de voltar a ter uma bolsa de valores. Ela está em processo final de obter as autorizações dos órgãos responsáveis e a expectativa é que comece a operar no segundo semestre de 2025.


“Aqui o beach tennis é na praia de verdade”. Foi com essa provocação bem-humorada que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, encerrou o vídeo no qual anunciou a volta da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Mais de 20 anos depois da bolsa carioca fechar, a expectativa é que ela comece a operar no segundo semestre de 2025.

A ATG (Americas Trading Group), responsável pela operação da nova bolsa, está com seu pedido na fase final do processo para obter as autorizações do Banco Central e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e ainda não conta com uma localização definida.

O presidente da ATG, Cláudio Pracownik, informou que a nova Bolsa de Valores do Rio de Janeiro irá negociar as mesmas ações que a B3. Além disso, derivativos de ações, títulos de renda fixa, títulos públicos federais, derivativos financeiros, moedas à vista e commodities agropecuárias.

A expectativa é que a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro atraia empresas do setor financeiro para a cidade, novos investimentos, maior concorrência e fomente o emprego. Assim como espera Paes: “O Rio de Janeiro está recuperando seu protagonismo econômico no país. Vamos seguir criando cada vez mais oportunidades para estimular o nosso desenvolvimento e beneficiar o Rio e todo o Brasil”.

Confira o material que preparamos para contar um pouco sobre a história e a chegada da nova bolsa.

Eleição americana: o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden

Eleição americana: o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden

(Tempo de leitura: 9 minutos)

O que você precisa saber:
Donald Trump e Joe Biden se enfrentaram no primeiro debate presidencial em 2024, e tiveram que discutir sobre temas relevantes para o resultado das eleições, como economia, imigração, política externa e mais.


Nesta quinta-feira (27), o pontapé inicial na campanha eleitoral americana foi dado com o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden. Em um debate diferente do que ocorreu em 2020, com mais civilidade e um pouco de posicionamento político, os insultos e ataques pessoais foram frequentes. 

Trump se apresentou um pouco diferente de como costuma aparecer. Apesar de trabalhar com um conteúdo agressivo contra Biden e atacar o adversário de forma firme, o ex-presidente se mostrou mais contido e passando uma imagem mais serena ao falar com bastante efetividade e calma, porém sendo acusado de disseminar muitas mentiras.. Por outro lado, por muitas vezes tentou se esquivar de perguntas mais ríspidas dos mediadores, como quando questionado sobre a invasão no Capitólio e a denúncia de fraude nas últimas eleições.

No lado democrata, a repercussão não foi positiva para o presidente Biden. Uma das maiores preocupações do eleitorado americano é a idade do candidato, de 81 anos, e se ele ainda tem energia e condições de saúde para comandar o país. E ao que parece Biden não conseguiu passar essa sensação. Com um começo devagar e com dificuldades em atacar seu adversário, o presidente passou uma sensação de fragilidade, com momentos de lapso, dificuldades de concluir um raciocínio e uma rouquidão aparente. Entretanto, quanto mais o debate caminhava, Biden conseguiu também se mostrar agressivo contra Trump, o chamando de “mentiroso” e “condenado”. 

Economia

Logo de início, economia foi o tema de discussão. O atual presidente afirmou que herdou um cenário econômico “caótico”, além de dizer que Trump sentia “orgulho” de fazer uma economia que beneficiava os ricos e punia os pobres. O republicano foi categórico ao dizer que “fez a melhor economia da história do país” e que “todos os outros países copiaram o seu modelo”. “Fizemos um trabalho excelente e tudo estava indo muito bem até o covid”, concluiu Trump.

Porém, não demorou muito para a imprensa começar a fazer os “fact check” do debate. Em publicação nas redes sociais, a CBS desmentiu o ex-presidente e concluiu que o seu mandato não foi responsável pela “melhor economia da história do país”.

Imigração

Outro hot topic para essa eleição é a imigração. Essa questão sempre foi amplamente debatida entre os americanos, mas ganhou proporções ainda maiores nos últimos anos, especialmente após o ex-presidente dizer que construiria um muro na fronteira com o México. O número de imigrantes atingiu uma máxima histórica em dezembro, com 249.785 prisões na divisa mexicana, um aumento de 31% em relação a novembro e de 13% em relação a dezembro de 2022, o recorde anterior

Sobre este assunto, Trump não poupou esforços para atacar o adversário e a todo momento que tinha oportunidade tocava neste tópico. O candidato do partido republicano falou que Biden criou empregos para imigrantes ilegais e ressaltou que tinha a fronteira mais segura da história do país, além de acusar Biden de “abrir a fronteira para criminosos e terroristas”. O democrata, por sua vez, se defendeu dos ataques e refutou que entraram criminosos e terroristas pelas fronteiras.

Aborto

Esse assunto é encarado como a questão social de maior discussão para os democratas, e foi por isso que Biden se mostrou mais ativo nessa discussão e apontando dedos para Trump. A todo momento o presidente destacou que a decisão do aborto é uma conversa entre a mulher e o médico e que os políticos não podem tomar decisões sobre a saúde da mulher.

Já Trump se mostrou mais ponderado nesse tema, o qual é importante para tentar angariar votos de pessoas que ainda estão indecisas ou mais indicadas a votar em Biden. O ex-presidente falou que não irá proibir medicamentos e que sua intenção sempre foi dar a cada Estado o poder de determinar suas próprias leis sobre o assunto. Ele também comentou que é a favor do aborto em casos de crime, como estupros, mas disse que Biden é radical por ser a favor do aborto em qualquer situação.

Biden se defendeu das acusações, citou os casos de muitas mulheres que são estupradas e não tem mais o direto do aborto e se mostrou contrário a deixar o poder na mão dos Estados ao apoiar uma Lei Federal sobre o assunto.

Política externa

As guerras entre Rússia e Ucrânia e Israel e Palestina também ganharam espaço no debate, também com ataques de um ao outro.

Sobre a guerra no leste europeu, Biden acusou Trump de encorajar Putin a fazer o que ele quisesse e foi além ao afirmar que o presidente da Rússia quer restabelecer o império soviético e dominar os países da região. Nesta questão, Trump disse que o democrata não é respeitado e por isso Putin invadiu a Ucrânia. Ele ainda chegou a dizer que é culpa de Biden a Rússia ter invadido a Ucrânia e que já teria resolvido a questão se fosse presidente.

No Oriente Médio, o republicano também colocou a culpa no democrata, o qual falou que é o grande apoiador de Israel, que quer eliminar o Hamas, mas citou que é preciso ter cuidado com a questão humanitária.

Invasão ao Capitólio e resultado das eleições

Como era de se esperar, Trump evitou falar sobre esse assunto, se defendeu e a todo momento tentava atrair a atenção para outras questões, mas argumentou que solicitou mais segurança para aquele dia. Quando questionado se aceitaria o resultado das eleições, disse que sim, contudo que fossem justas e limpas, apesar de ter tentado se esquivar da pergunta.

Biden aproveitou a ocasião e foi incisivo contra Trump. Disse que o republicano não pediu para que as pessoas parassem a invasão e, para finalizar, foi contundente sobre o fracasso do ex-presidente em admitir a derrota há quatro anos: “Você não suporta a derrota”.

Quem é o melhor no golfe?

Assim como em todos os debates eleitorais, tivemos um momento particular entre Biden e Trump quando os dois começaram a discutir quem é melhor no golfe. O momento rendeu piadas nas redes sociais e para analistas internacionais é por momentos como esse que não é difícil compreender a razão de os eleitores dizerem nas pesquisas de opinião que não querem participar na escolha que lhes foi oferecida este ano.

A eleição americana ocorre somente em novembro e até lá muita coisa ainda irá acontecer. O debate ocorreu antes mesmo de cada americano ser formalmente nomeado nas suas respectivas convenções e a repercussão pode impactar os rumos. Por fim, depois do embate, o visual apático de Biden e sua performance no início do debate não tranquilizou o Partido Democrata e alguns correspondentes comentaram que membros partidários começaram a discutir uma possível substituição do candidato na corrida presidencial, apesar de não ser uma decisão fácil.

O “Segundo capítulo: a revanche” entre Trump e Biden está apenas começando.

Neste link, você consegue acompanhar o debate, em inglês, na íntegra.


Este é um texto apartidário e tem por objetivo apenas informar sobre as eleições americanas, sem nenhuma preferência, inclinação ou envolvimento com partidos, ideologias ou debates políticos.

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