O que você precisa saber: – O indicador avançou 0,48% em setembro – A energia elétrica residencial puxou a alta – O dado trouxe sinais positivos, com os núcleos de inflação apresentando desaceleração
O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, avançou 0,48% em setembro, após ter registrado deflação de 0,14% em agosto. O resultado veio abaixo da mediana das projeções de mercado (0,52%) e praticamente em linha com estimativas de algumas casas. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses passou de 4,95% para 5,32%.
A alta foi puxada principalmente pela energia elétrica residencial (+12,17%), influenciada pelo fim do “bônus de Itaipu”, e pela menor queda de alimentos consumidos em casa (-0,63%). Bens industriais também contribuíram para a aceleração, com destaque para o vestuário (+0,97%). Por outro lado, alguns itens ajudaram a segurar o índice, como cinema e teatro (-4,78%) e seguro de veículos (-5,95%).
Na composição, o dado trouxe sinais positivos. Os núcleos de inflação — medidas que excluem choques temporários e são acompanhadas de perto pelo Banco Central — voltaram a desacelerar. Serviços subjacentes subiram apenas 0,04%, enquanto a média dos núcleos avançou 0,20%. A métrica suavizada de serviços subjacentes caiu para 4,9% no trimestre anualizado, menor patamar em um ano.
Em resumo: embora a inflação cheia tenha acelerado em setembro, o movimento foi concentrado em itens pontuais e pouco ligados à atividade econômica. Os indicadores mais estruturais voltaram a mostrar arrefecimento, sugerindo que a tendência de desinflação foi retomada.
Esse quadro reforça a leitura de que a política monetária restritiva está surtindo efeito. Apesar de riscos domésticos persistirem, analistas seguem avaliando que o Banco Central deve iniciar um ciclo de corte de juros a partir do primeiro trimestre de 2026.
Thomás Gibertoni Sócio | Portfolio Manager
É formado em Administração pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e possui certificações CGA e CGE. Thomás passou pelo Banco Santander e antes de chegar à Portofino foi Portfolio Manager na Claritas Investimentos.
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, reforçando uma postura cautelosa diante de um cenário que combina inflação ainda resiliente, expectativas pouco ancoradas e um ambiente internacional incerto. Embora os últimos dados mostrem alguma desaceleração da inflação no curto prazo, a autoridade monetária avalia que o índice segue acima da meta e que o ritmo de arrefecimento não é suficiente para justificar cortes imediatos nos juros.
O comunicado também ressalta que o mercado de trabalho permanece aquecido, o que tende a pressionar os preços de serviços, além de lembrar que as condições externas — especialmente a trajetória de juros nos Estados Unidos e a volatilidade das commodities — adicionam riscos à economia brasileira.
Na prática, o Copom reconhece que a taxa atual é elevada e tem impactos relevantes sobre a atividade, mas prefere esperar sinais mais claros de convergência da inflação antes de iniciar um ciclo de cortes. Um ponto importante é que o comunicado retirou a sinalização explícita de manutenção para a próxima reunião, o que pode indicar proximidade de um esgotamento no atual nível de juros.
Além disso, o Banco Central procura equilibrar duas pressões: de um lado, a necessidade de controlar a inflação para preservar o poder de compra; de outro, a preocupação em não frear excessivamente a economia. Ao manter um discurso firme, o Copom busca reforçar sua credibilidade e sinalizar ao mercado que não pretende ceder a pressões políticas ou conjunturais, mantendo o foco em assegurar a estabilidade de preços no médio e longo prazo.
Thomás Gibertoni Sócio | Portfolio Manager
É formado em Administração pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e possui certificações CGA e CGE. Thomás passou pelo Banco Santander e antes de chegar à Portofino foi Portfolio Manager na Claritas Investimentos.
O Fed reduziu a taxa de juros em 0,25 p.p., para 4%–4,25%, diante de sinais de desaceleração da economia e de uma inflação ainda acima da meta. O balanço de riscos passou a pesar mais para o lado do emprego, com maior preocupação sobre uma possível deterioração do mercado de trabalho.
A decisão foi interpretada como um ajuste fino de política monetária, e não como uma mudança estrutural de rumo, dada ainda a inflação resiliente e a incerteza em relação às tarifas. O Fed reforçou que seguirá acompanhando atentamente os dados econômicos e poderá realizar novos cortes se os riscos se intensificarem. Apenas um membro do Comitê votou por uma redução mais agressiva, de 0,50 p.p. Há expectativa de mais dois cortes no ano e de três adicionais em 2026, levando a uma taxa terminal de 3%.
O que você precisa saber: O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, caiu 0,53% em julho na comparação com junho, já descontados efeitos sazonais.
O resultado veio pior do que a expectativa de queda de 0,30% apurada pelo mercado. A retração foi ampla e atingiu praticamente todos os setores. A agropecuária recuou 0,8%, a indústria teve sua quarta queda seguida (-1,1%), e o setor de serviços também perdeu fôlego (-0,2%).
Com isso, o crescimento acumulado em 12 meses desacelerou de 3,9% para 3,5%. Os números reforçam a percepção de que a economia brasileira está em um processo de desaceleração gradual, em grande parte devido aos juros elevados mantidos pelo Banco Central para conter a inflação.
Apesar das pressões típicas de ano eleitoral, os dados fortalecem a visão de que o ambiente econômico está mais fraco. Analistas ainda esperam que o corte da taxa Selic ocorra apenas no início de 2026, mas já há discussão sobre antecipação para este ano caso o desaquecimento continue.
Thomás Gibertoni Sócio | Portfolio Manager
É formado em Administração pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e possui certificações CGA e CGE. Thomás passou pelo Banco Santander e antes de chegar à Portofino foi Portfolio Manager na Claritas Investimentos.
O que você precisa saber: O IPCA caiu 0,11% em agosto, um resultado melhor que o de julho (0,26%) e que reduziu a inflação em 12 meses de 5,23% para 5,13%.
A queda foi puxada por fatores pontuais, como a redução na conta de luz (-4,21%), combustíveis (-0,89%) e alimentos in natura (-3,08%). Descontos em passagens aéreas (-2,44%) e eventos culturais (-4,02%) também ajudaram.
Apesar da desaceleração no índice cheio, os núcleos de inflação, acompanhados de perto pelo Banco Central, voltaram a acelerar. Destaque para bens industriais e serviços intensivos em trabalho, que subiram no trimestre móvel. A principal surpresa veio do preço de automóveis novos, que caiu menos que o esperado mesmo com incentivos do IPI Verde.
Resumo
A leitura interrompeu a melhora qualitativa vista nos últimos meses, mas não indica reversão da tendência de desinflação;
O cenário ainda reflete um mercado de trabalho aquecido no Brasil, contrastando com um ambiente internacional mais favorável, que tem ajudado câmbio e expectativas de inflação;
A combinação desses fatores reforça a visão de que a Selic deve permanecer estável até o 1º tri/2026.
Thomás Gibertoni Sócio | Portfolio Manager
É formado em Administração pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e possui certificações CGA e CGE. Thomás passou pelo Banco Santander e antes de chegar à Portofino foi Portfolio Manager na Claritas Investimentos.
O que você precisa saber: A prévia da inflação caiu – 0,14% em agosto, após registrar alta 0,33% em julho. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) foi o menor desde setembro de 2022 (-0,37%) e o primeiro negativo desde julho de 2023 (-0,07%).
A prévia da inflação (IPCA-15) de agosto recuou 0,14%, uma queda menor do que a esperada pelo mercado (-0,20%). Embora o índice tenha desacelerado bastante em relação a julho (0,33%) e tenha caído no acumulado de 12 meses (de 5,30% para 4,95%), o resultado veio pior do que o previsto em itens importantes.
Apesar da queda geral, alguns setores que o Banco Central monitora de perto continuaram pressionados:
Serviços como educação e reparos: alta de 0,55%
Serviços que dependem muito de mão de obra: alta de 0,62%
Média dos núcleos de inflação: alta de 0,32%
Desta forma, o resultado de agosto mostra que, apesar da melhora recente, a economia ainda enfrenta desafios. A inflação segue acima da meta, o mercado de trabalho está aquecido e há pressões fiscais. Por isso, ainda é pouco provável que o Banco Central corte juros esse ano, mantendo os juros altos por mais tempo para garantir que a inflação continue caindo.
Thomás Gibertoni Sócio | Portfolio Manager
É formado em Administração pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e possui certificações CGA e CGE. Thomás passou pelo Banco Santander e antes de chegar à Portofino foi Portfolio Manager na Claritas Investimentos.
O que você precisa saber: O cenário econômico e político no Brasil é sempre – muito – movimentado, e neste ano não tem sido diferente.
Dizem que ser brasileiro é um privilégio: praias que parecem pintadas à mão, uma cultura vibrante, uma natureza que nos abraça de verde e vida, um cheiro de comida que acalma a alma e, claro, um talento nato para o futebol. Mas há algo a mais, uma característica que nos define e nos mantém na ponta da cadeira: o Brasil simplesmente se recusa a ser monótono. Por aqui, a vida é uma série de reviravoltas, e o cenário político e econômico é o nosso show de “breaking news” particular.
Vamos começar pelo espectro da economia. Empossado no começo do ano como presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo aplicou remédios amargos na economia, elevando os juros a 15% ao ano – o maior patamar em quase 20 anos – em resposta a um cenário de elevada incerteza, tanto no cenário externo — com destaque para as políticas comerciais dos Estados Unidos — quanto no doméstico, especialmente em relação aos rumos da política fiscal e inflação.
Na última decisão de juros, o Copom manteve a taxa básica em 15% ao ano, com um tom duro e antecipando manutenção neste patamar para a próxima reunião. Segundo o nosso sócio e Portfolio Manager, Thomas Gibertoni, diante desse cenário, o Banco Central decidiu manter os juros altos por mais tempo para garantir que a inflação volte à meta. Além disso, o Comitê reforçou que vai continuar atento e pode voltar a subir os juros se perceber que os riscos aumentaram, como o aumento com incertezas sobre a guerra comercial com os Estados Unidos, que pode respingar na inflação por aqui.
E por falar em inflação, aquela sombra que assombra o nosso bolso… parece que ela está dando um sinal de paz – mas com muito trabalho ainda pela frente. O IPCA de julho subiu 0,26%, ficando abaixo das expectativas do mercado (0,36%) e mostrou desaceleração no acumulado em 12 meses (de 5,35% para 5,23%). O núcleo de inflação (que exclui itens voláteis) seguiu em desaceleração, reforçando que a pressão inflacionária está perdendo força. É como se, finalmente, as sementes que o Banco Central plantou estivessem dando frutos.
Conclusão? “Os dados reforçam que a inflação está em trajetória de queda, com menos pressão nos setores mais sensíveis à política monetária. Isso apoia a visão do BC de que os juros altos estão funcionando e abre discussão para corte ainda em 2025.”, analisou o nosso Portfolio Manager.
Se a economia nos mantém atentos, a política é o palco onde o espetáculo não para.
Nos primeiros meses do ano, o governo sentiu o peso da opinião pública. Pesquisas de popularidade, como a do Datafolha, revelaram uma desaprovação recorde, mostrando que a lua de mel com a população já havia terminado. A cada nova pesquisa, um novo resultado negativo, e a cada dia uma nova polêmica assombrando o Palácio do Planalto — do aumento do IOF ao rombo do INSS.
A bola da vez é o desgaste entre o governo brasileiro e o dos Estados Unidos, que acarretou na imposição de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros. Mas, como em toda boa história, o roteiro também tem reviravoltas. Nas últimas semanas, a aprovação do governo deu um pequeno sinal de vida, como uma planta que recebe um pouco de sol depois de dias de chuva. Os dados, divulgados pela pesquisa da AtlasIntel, trouxeram um fôlego, mostrando que, pela primeira vez desde 2024, a aprovação de Lula superou numericamente a desaprovação.
No final das contas, o título do nosso texto se confirma: o Brasil é nada monótono. Seja na política ou na economia, sempre teremos o que conversar e o que nos preocupar. E é por isso que, mais do que nunca, a necessidade de um gestor profissional é fundamental — alguém para ajudar a decifrar os sinais e navegar por águas agitadas.
Pois ser brasileiro e morar por aqui tem suas vantagens, porém é uma constante negociação entre desafios e oportunidades, com uma dose de imprevisibilidade que mantém as coisas interessantes.
Nos mantemos atentos e ativos com os próximos desdobramentos.