O que você precisa saber: EUA manteve a taxa de juros no mesmo patamar pela quinta reunião seguida, enquanto o Copom permaneceu com a Selic em 15%.
O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15,00% ao ano, em tom ainda duro e já antecipando manutenção na próxima reunião.
Cenário Internacional
O ambiente global está mais instável, principalmente por conta da política econômica dos Estados Unidos, com destaque para mudanças nas áreas fiscal e comercial.
Essa instabilidade tem aumentado a volatilidade dos mercados e exige mais cautela de países emergentes como o Brasil, especialmente num momento de tensão geopolítica.
Cenário Doméstico
A economia brasileira está crescendo em ritmo mais moderado, o que já era esperado, mas o mercado de trabalho ainda segue forte.
A inflação continua acima da meta e as expectativas para os próximos anos (2025 e 2026) também estão elevadas: 5,1% e 4,4%, respectivamente — acima da meta de 3%.
Riscos para a Inflação
Riscos de alta: inflação de serviços persistente, expectativas de inflação desancoradas e câmbio mais desvalorizado.
Riscos de baixa: desaceleração da economia brasileira ou global e queda nos preços das commodities.
Decisão e Perspectiva
Diante desse cenário, o Banco Central decidiu manter os juros altos por mais tempo para garantir que a inflação volte à meta.
O Comitê reforça que vai continuar atento e pode voltar a subir os juros se perceber que os riscos aumentaram.
Thomás Gibertoni Sócio e Portfolio Manager
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve, banco central americano, optou por manter a taxa de juros inalterada pelo quinto encontro consecutivo, em 4,25% e 4,50%. A decisão ocorre em meio a um cenário de pressão do presidente Donald Trump para redução nos juros.
No comunicado, o Fed apontou que “a incerteza em relação às perspectivas econômicas continua elevada”. Contudo, a decisão desta quarta-feira não foi unânime: dois diretores do comitê votaram a favor de um corte de 0,25 ponto percentual.
Agora, a autoridade terá mais três encontros até o final deste ano, com o próximo em setembro. No mês passado, o banco central sinalizou a intenção de realizar dois cortes de 0,25 em 2025.
O que você precisa saber: Nesta carta, o nosso sócio e CIO, Eduardo Castro, comentou os impactos da imposição das tarifas americanas de 50% nos produtos brasileiros no campo político interno.
A surpreendente decisão do presidente Donald Trump de impor um tarifaço sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto alterou drasticamente o jogo comercial entre os dois países. O Brasil, que até então voava abaixo do radar nas disputas protecionistas globais, viu suas alíquotas de importação saltarem de 10% para prováveis 50%, enquanto a China — antes vilã preferencial — pode ter sua tarifa efetiva reduzida de sinalizados 145% para 30%, talvez 20%.
O pano de fundo é claro: os Estados Unidos mantêm um superávit comercial expressivo com o Brasil, especialmente em setores como o industrial e tecnológico. Se considerarmos serviços, o superávit é ainda maior. Ainda assim, o Brasil é visto como um oponente de baixo custo, mesmo sendo relevante em áreas estratégicas, como o agronegócio e a aviação. Para Trump, o gesto reforça sua retórica protecionista e nacionalista: Make America Great Again! Para Lula, oferece a oportunidade de construir um duelo conveniente, que desvia o foco da erosão de sua aprovação interna e lhe permite vestir o manto de defensor da soberania nacional.
Contudo, há uma evidente contradição: um país que diz defender sua soberania, mas investe quase nada em sua própria defesa, transmite uma mensagem de fragilidade. Inferir uma possível proteção chinesa é utópico e irreal — o Brasil sequer tem combustível suficiente para manter seus caças da FAB no ar. O discurso presidencial tem sido, na prática, muito mais regional do que nacional, com ênfase em fortalecer a união do chamado Sul Global, e menos em posicionar o Brasil isoladamente como potência emergente.
A negociação do tarifaço será outro desafio. A representatividade do lado brasileiro é fragmentada e os interlocutores americanos ainda indefinidos. Em vez de um canal institucional robusto, as tratativas devem ocorrer setor a setor, produto a produto. É esperado que a alíquota inicial de 50% funcione como moeda de pressão, elevada o suficiente para forçar o diálogo, mas com margem para ajustes. Setores estratégicos, como aeronáutico (Embraer), aço e o de suco de laranja, já se movimentam para buscar acordos bilaterais.
No campo político interno, o embate pode ajudar Lula a reforçar uma narrativa de enfrentamento externo que unifica parte de sua base. Ao mesmo tempo, enfraquece ainda mais a oposição liderada pelo bolsonarismo. Com a família Bolsonaro desmobilizada — Jair potencialmente preso, Eduardo recluso nos EUA, Flávio sem tração popular e Michelle ainda inexperiente para uma campanha nacional — o apoio do ex-presidente torna-se peça-chave para a reorganização da direita. Nesse contexto, Tarcísio de Freitas surge como nome mais viável para unificar a centro-direita, desde que consiga manter distância das turbulências ideológicas do bolsonarismo raiz.
Em resumo, o tarifaço representa um jogo de perde-perde para as economias envolvidas, mas um movimento taticamente oportuno no curto prazo para dois líderes em busca de tração política. Para o Brasil, resta torcer para que a negociação por setores avance rapidamente — e que a disputa política não se sobreponha às necessidades econômicas do país.
(Imagem em destaque: Ricardo Stuckert / PR)
Eduardo Castro Sócio | Chief Investment Officer
“Gestão Dinâmica” é um boletim com pontos relevantes do mercado comentados pelo nosso Chief Investment Officer, Eduardo Castro.
O que você precisa saber: O IPCA-15, prévia da inflação oficial, subiu 0,33% em julho, um pouco acima do esperado pelo mercado (0,31%) e um leve aumento em relação ao mês anterior (0,26%). No acumulado em 12 meses, a taxa passou de 5,27% para 5,30%.
A alta foi impulsionada principalmente por itens voláteis, como passagens aéreas (+19,86%), que têm pouca relação com a atividade econômica.
Além disso, serviços pessoais (como cabeleireiro e educação), que são sensíveis ao ritmo da economia, desaceleraram (0,14%), um sinal positivo para o controle da inflação.
O que tiramos do dado?
O IPCA-15 de julho confirmou que a inflação está perdendo força, especialmente nos setores mais ligados ao ritmo da economia. Isso apoia a visão do Banco Central de que os juros altos estão funcionando para controlar os preços, mesmo com alguns itens ainda pressionando no curto prazo.
A tendência é que, nos próximos meses, a inflação continue caindo gradualmente, mas ainda depende de fatores como alimentação fora de casa e serviços, que tiveram alta neste mês.
Thomás Gibertoni Sócio | Portfolio Manager
É formado em Administração pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e possui certificações CGA e CGE. Thomás passou pelo Banco Santander e antes de chegar à Portofino foi Portfolio Manager na Claritas Investimentos.
A nossa equipe de M&A concluiu mais uma importante transação, atuando como assessora exclusiva da Reta Engenharia e de seus sócios no processo de venda para a sueca AFRY, uma das líderes globais em consultoria de engenharia, design e sustentabilidade.
Essa é mais uma operação que assessoramos no setor de engenharia, consolidando nossa credibilidade e know-how em um segmento estratégico para o desenvolvimento de grandes projetos de infraestrutura, mineração e energia. Esse histórico fortalece nosso relacionamento com empresários do setor, amplia nosso portfólio de transações bem-sucedidas e abre novas portas para futuras oportunidades.
No trabalho de assessoramento da Reta, cada etapa foi conduzida com excelência, proximidade e total alinhamento aos objetivos dos sócios, reforçando o compromisso da Portofino em potencializar valor, proteger patrimônios e apoiar famílias empresárias em grandes decisões e negócios. Até o fechamento da operação, que é esperado para o 3° Tri de 2025, as companhias continuarão operando de forma independente.
A realização deste trabalho eleva ainda mais o nosso posicionamento como parceiro de confiança para M&A no Brasil e no exterior, demonstrando nossa capacidade de gerar negócios ao conectar empresas e famílias empresárias a uma ampla rede de investidores estratégicos em diversos mercados globais. Essa presença internacional, aliada a um assessoramento de alto nível, garante soluções customizadas e oportunidades que ultrapassam fronteiras.
Na matéria abaixo, você confere mais informações sobre o deal.
O índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA subiu 0,3% em junho, com a inflação anual acelerando para 2,7%, acima das expectativas de mercado. A alta foi impulsionada principalmente por energia, alimentação e efeitos indiretos das tarifas comerciais recentemente impostas. Como reflexo, as taxas dos Treasuries subiram e as bolsas recuam na manhã desta terça-feira (15), diante da percepção de que o processo de desinflação pode estar perdendo força.
O dado reforça a postura mais cautelosa do Federal Reserve, que interrompeu sua trajetória de cortes de juros e manteve a taxa básica entre 4,25% e 4,50% nas últimas três reuniões. Parte da preocupação vem dos potenciais efeitos inflacionários das políticas do governo Trump — como tarifas sobre importações e restrições à imigração — que aumentam pressões de custo e reduzem a oferta de trabalho. O cenário amplia a incerteza monetária e exige atenção redobrada quanto à alocação em ativos sensíveis a juros e inflação.
Fernando Godoy cursou Administração de Empresas na FGV com foco em Gestão Estratégica, atuou por 2 anos em empresa de capital aberto e possui 9 anos de experiência no mercado financeiro, com ênfase em investimentos internacionais. Está no time da Portofino MFO há 7 anos, 5 deles como sócio.