IPCA-15 confirma desinflação; nos EUA, CPI vem abaixo do esperado

IPCA-15 confirma desinflação; nos EUA, CPI vem abaixo do esperado

(Tempo de leitura: 5 minutos)

O que você precisa saber:
– Prévia da inflação de outubro subiu 0,18%
– Nos EUA, cenário aumenta probabilidade de corte de juros


O IPCA-15 de outubro subiu 0,18%, abaixo tanto do consenso de mercado (0,21%) e bem abaixo do avanço de 0,48% em setembro. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses caiu de 5,32% para 4,94%, reforçando o movimento de desinflação da economia brasileira.

Mais importante que o número cheio foi a composição do índice, considerada melhor do que o esperado. Todos os núcleos de inflação relevantes para o BC vieram abaixo das projeções — industriais subjacentes (0,00%), serviços subjacentes (0,24%) e média dos núcleos (0,23%) — mostrando que a inflação mais ligada ao hiato do produto (diferencial do pib atual x pib potencial) continua cedendo diante da política monetária restritiva.

As métricas suavizadas também mostraram melhora:

  • Serviços subjacentes: de 4,9% para 4,4% (saar 3m)
  • Industriais subjacentes: de 3,6% para 3,2% (saar 3m)
  • Média dos núcleos: de 4,1% para 3,8% (saar 3m)

Em resumo: abaixo do esperado e com composição mais benigna, o IPCA-15 de outubro confirma o avanço da desinflação e sinaliza que a inflação corrente vem respondendo bem aos juros altos. Se o ritmo for mantido, o dado abre espaço para o início de um ciclo de cortes da Selic a partir de março de 2026.

Thomás Gibertoni
Sócio e Portfolio Manager

A inflação de setembro nos EUA veio abaixo do esperado. O núcleo do CPI — que exclui alimentos e energia — avançou 0,2% frente a agosto, o menor ritmo em três meses, com destaque para a desaceleração de moradia, componente de grande peso no índice. Esse cenário aumenta a probabilidade de o Federal Reserve reduzir os juros na próxima reunião e, possivelmente, novamente em dezembro, como os mercados já sinalizam.

O dado foi divulgado com atraso por conta do fechamento parcial do governo americano, mas a coleta de preços de setembro ocorreu antes da paralisação, o que preserva a qualidade do resultado. Sem a resolução do shutdown, os próximos dados sairão com atraso.

Os mercados reagiram positivamente: bolsas em alta, enquanto as taxas dos Treasuries e o dólar recuaram parcialmente. Ainda assim, a confiança do consumidor em outubro caiu ao menor nível em cinco meses, indicando que a percepção de preços altos persiste.

Em resumo: a inflação segue desacelerando, o que reforça a chance de cortes de juros no curto prazo. Isso tende a sustentar ativos de risco e aliviar a pressão sobre a renda fixa longa. Por outro lado, a incerteza sobre o calendário de dados e o humor do consumidor recomenda manter alguma cautela.

Burton Mello
Portfolio Manager

A travessia no Canal da Mancha que mudou a história da relojoaria

A travessia no Canal da Mancha que mudou a história da relojoaria

(Tempo de leitura: 2 minutos)

O que você precisa saber:
– Mercedes Gleitze fez história ao ser a primeira mulher britânica a atravessar o Canal da Mancha nadando;
– Esse feito também mudou o rumo estratégico da Rolex – assim como de todo o setor de relojoaria;
– Quase um ano depois, o relógio usado por Gleitze foi leiloado.


O mundo evolui. Houve um tempo em que os relógios serviam apenas para mostrar as horas — e, quando muito sofisticados, também a data. Hoje, eles fazem de tudo: recebem mensagens, leem e-mails, atendem ligações, configuram alarmes e até monitoram dados de saúde. Saber as horas, ironicamente, virou quase um detalhe.

Mas nem sempre foi assim. Houve uma época em que a grande revolução era ser à prova d’água. Parece outra realidade. E, de fato, era. A inovação foi tão marcante que estampou capas de jornal.

Divulgação/Rolex

Em 1927, Mercedes Gleitze fez história ao ser a primeira mulher britânica a atravessar o Canal da Mancha nadando. Em seu pulso? Um Rolex Oyster, o primeiro relógio de pulso prático à prova d’água do mundo.

Apesar do feito impressionante da nadadora, foi o relógio que roubou os holofotes. Após enfrentar longas horas submerso e condições climáticas extremas, o Oyster permaneceu intacto: preciso, resistente e elegante.

Esse momento marcou o início de uma trajetória que consolidaria a Rolex como referência em relojoaria de alto padrão. E mais do que isso: abriu caminho para uma história de parcerias lendárias no esporte, com nomes como Roger Federer, no tênis, e Jack Nicklaus, no golfe.

Agora, quase um século depois, o relógio foi leiloado no último dia 9.

A história de Mercedes Gleitze foi retratada no filme Vindication Swim. E para saber mais informações, acesse a matéria da Bloomberg Línea.

Rolex que virou ícone após travessia do Canal da Mancha vai a leilão milionário

(Imagem de capa: Reprodução/Rolex)

Esfera Brasil | Urgência e pragmatismo para liderar de forma estratégica

Esfera Brasil | Urgência e pragmatismo para liderar de forma estratégica

(Tempo de leitura: 5 minutos)

O que você precisa saber:
Confira o que aconteceu no III Fórum Esfera Internacional, realizado em Belém (PA).


Por Esfera Brasil

O III Fórum Esfera Internacional, realizado em Belém (PA), reuniu, na manhã desta sexta-feira (10) lideranças políticas e empresariais para antecipar as discussões da COP30, prevista para outubro. O evento marcou a convergência entre representantes do governo federal, do setor privado e da sociedade civil em torno de um objetivo comum: transformar o potencial ambiental brasileiro em oportunidades concretas de investimento.

Entre os temas centrais estiveram a transição energética, a atração de investimentos estrangeiros e a integração da Amazônia à agenda econômica nacional, com destaque para projetos de infraestrutura e bioeconomia. A mensagem predominante foi de urgência e pragmatismo: o País não pode abrir mão de liderar a agenda climática global, mas precisa fazê-lo com equilíbrio fiscal e segurança jurídica.

Autoridades locais, ministros e empresários, reforçaram a mensagem de fortalecer o diálogo entre poder público e iniciativa privada fora do eixo Brasília–São Paulo, levando o debate econômico a regiões estratégicas do País.

“As discussões que estarão acontecendo na COP são transversais. É muito mais do que um evento de meio ambiente. O meio ambiente dialoga diretamente com a economia”, ilustrou o governador do Pará, Helder Barbalho.

Governança e segurança jurídica

A consolidação de um ambiente de negócios seguro passa por marcos regulatórios bem definidos e estabilidade nas políticas públicas. Por outro lado, a ausência de regras sólidas e o excesso de judicialização afastam investidores, especialmente em setores estratégicos como a infraestrutura. 

“Muita gente pergunta porque não vem outra empresa aérea para o Brasil, mas como a gente explica o sistema tributário, regras trabalhistas e alto grau de judicialização?”, questionou Tiago Faierstein, diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Somado a isso, o diretor-presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, apontou a carga tributária como grande gargalo na atração de investimentos. 

“Mais de 50% do que pagamos de energia elétrica é imposto ou política pública. Isso tem que ser alterado. O consumidor sofre, a indústria sofre e a competitividade brasileira sofre”, disse.

Transição energética

Que o Brasil é um grande player no cenário da transição energética global, isso não é novidade. Mas as inovações regulatórias feitas nos últimos anos têm evidenciado a capacidade brasileira de atrair novos negócios. Um exemplo disso são os data centers

No último mês, o governo editou a Medida Provisória do Redata, que institui o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center. O programa oferece incentivos fiscais para atrair investimentos para a construção de centros de processamento e armazenamento de dados no Brasil, criando contrapartidas como investimento em pesquisa, desenvolvimento e sustentabilidade. 

Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a medida apenas reforça o exemplo brasileiro na transição energética. “Pelas nossas potencialidades e pelo que construímos e fortalecemos nos últimos anos, o Brasil se coloca com infraestrutura suficiente e com energia limpa e renovável. […] Estamos preocupados que estes investimentos gerem efetivamente frutos e resultados, e não sejam apenas pontos de armazenamento de informações para outras nações. Queremos que eles gerem emprego e renda, por isso também estamos garantindo conteúdo local”, defendeu o ministro.

A nova Belém

Pela primeira vez sediando um evento internacional deste porte, a capital paraense esteve, nos últimos meses, no centro de questionamentos quanto à capacidade para hospedar a COP30. Mas para o ministro do Turismo, Celso Sabino, o evento apenas reforçará a relevância da região Norte na agenda econômica sustentável do País. 

“Nunca a cidade de Belém foi tão mencionada como nos últimos meses. O mundo todo só fala em Belém. […] A Amazônia é muito mais do que uma foto de satélite”, declarou.

O prefeito da cidade, Igor Normando, reforçou o marco histórico: “Nós sempre pensamos a COP 30 para além do evento. Pensamos no legado que vai ficar para a nossa cidade”.

Sediar o evento no Brasil, portanto, será uma vitrine de bons exemplos das soluções encontradas pelas diferentes atividades econômicas. “A COP será uma oportunidade para mostrarmos ao mundo o que é uma mineradora que faz as coisas pensando no ecossistema, na descarbonização e na sociedade”, disse Rachel Maia, conselheira de administração da Vale.

Somos parceiros da Esfera BR, uma iniciativa independente e apartidária que fomenta o pensamento e o diálogo sobre o Brasil, um think tank que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva. Todas as opiniões aqui apresentadas são dos participantes do evento. O nosso posicionamento nesta iniciativa é o de ouvir todos os lados, neutro e não partidário.

Clique aqui para ler sobre outras personalidades e eventos promovidos pela Esfera BR e Portofino MFO.

Os bastidores da era digital: como os data centers sustentam o futuro da tecnologia

Os bastidores da era digital: como os data centers sustentam o futuro da tecnologia

(Tempo de leitura: 7 minutos)

O que você precisa saber:
– Os data centers são estruturas importantíssimas para o avanço da inteligência artificial
– Nos últimos 20 anos, a capacidade global de data centers saltou de 21,4 gigawatts (GW) em 2005 para 114 GW em 2025
– Estados Unidos e China concentram cerca de 70% da capacidade total instalada no mundo


No centro da transformação digital, os data centers tornaram-se a espinha dorsal. Eles sustentam a inteligência artificial (IA), as plataformas em nuvem e praticamente todos os serviços digitais que usamos diariamente.

Com o volume de informações crescendo de forma exponencial, surge um novo desafio: manter essas infraestruturas eficientes, seguras e sustentáveis. Hoje, temas como eficiência energética, latência, conectividade e descentralização deixaram de ser questões técnicas para se tornarem decisões estratégicas.

Antes de tudo, o que são os data centers?

De forma simples, são grandes infraestruturas físicas que abrigam milhares de servidores responsáveis por armazenar, processar e distribuir dados. 

É dentro deles que acontecem as operações invisíveis que permitem o funcionamento de ferramentas como o ChatGPT, o Gemini e tantas outras aplicações de inteligência artificial que dependem de enormes volumes de informação e poder computacional.

O crescimento exponencial dos data centers

Nos últimos 20 anos, a capacidade global de data centers saltou de 21,4 gigawatts (GW) em 2005 para 114 GW em 2025 — um aumento de mais de cinco vezes. Esse avanço reflete a expansão da computação em nuvem e o impacto direto da IA, que exigem cada vez mais poder de processamento e armazenamento de dados.

Em um mundo onde cada clique, transação e algoritmo geram uma avalanche de informações, os data centers se tornaram o cérebro operacional da era digital.

Um consumo de energia que preocupa

Esse crescimento tem um custo. Hoje, os data centers consomem cerca de 485 terawatts-hora (TWh) de eletricidade por ano — o equivalente a 1,7% da demanda global. E a tendência é de alta: até 2030, o consumo pode chegar a 945 TWh, impulsionado pela IA e pela expansão das infraestruturas digitais.

Diante disso, surge uma pergunta essencial: como equilibrar inovação e sustentabilidade energética?

Apesar das preocupações, a expectativa é de que até 2040 a inteligência artificial seja a responsável por menos de 3% do consumo global de energia. O percentual é menor do que setores como carregamento de veículos elétricos e refrigeração de prédios.

EUA e China dominam o cenário global

Atualmente, Estados Unidos e China concentram cerca de 70% da capacidade total instalada no mundo. Os EUA lideram em inovação e investimentos. Já a China enfrenta um desequilíbrio entre oferta e demanda.

Em 2024, mais de 144 empresas chinesas registraram projetos de grandes modelos de linguagem (LLMs). No entanto, apenas 10% ainda investiam ativamente até o fim do ano, segundo o Economic Observer.

O resultado? Infraestruturas ociosas. Em Zhengzhou, por exemplo, há data centers recém-construídos oferecendo vouchers de computação gratuitos para atrair startups e empresas locais — um retrato do excesso de capacidade frente à demanda real.
(Saiba mais na MIT Technology Review)

Sustentabilidade sob os holofotes

Agora, os data centers entram em uma nova fase. Estão no centro dos holofotes, atraindo investimentos e também discussões sobre impacto ambiental.

Além do consumo de energia, a construção dessas estruturas em áreas verdes levanta alertas sobre ocupação territorial e desmatamento. A busca por soluções mais limpas e eficientes — como o uso de energias renováveis e reaproveitamento de calor — se tornou prioridade global.

O Brasil na rota dos grandes investimentos

Nesse contexto, o Brasil desponta como um destino promissor para investimentos em data centers. A digitalização crescente da economia, somada à disponibilidade de energia limpa e abundante, cria condições ideais para o avanço do setor.

Segundo a Aneel, 85% da energia produzida no país vem de fontes renováveis, um grande atrativo para empresas que buscam alinhar tecnologia e sustentabilidade.

De acordo com a Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), o Brasil conta com 162 data centers, ocupando a 10ª posição no mercado mundial. E há espaço para crescer: estimativas da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação indicam que o setor deve movimentar US$ 11,4 bilhões até 2026.

Empresas globais já estão de olho. A Alibaba, por exemplo, anunciou planos de expandir sua base global de data centers no Brasil.

Desafios locais

Apesar do otimismo, o país enfrenta obstáculos. A carga tributária elevada, especialmente sobre importação de equipamentos, é uma das barreiras. A infraestrutura elétrica e de conectividade também representa um desafio.

Os parques geradores de energia estão concentrados no Nordeste, longe da maior parte dos data centers, localizados no Sudeste. Mover os data centers para mais perto das fontes renováveis traz outro obstáculo: a falta de fibra óptica suficiente para garantir conectividade de ponta.

Mesmo assim, há avanços importantes. Após a publicação da Política Nacional de Data Centers, em 2025, profissionais do setor relatam maior interesse de empresas estrangeiras em investir no país. (Leia mais no O Globo)

O futuro dos data centers

Com a IA impulsionando a próxima onda de inovação, os data centers se tornam as usinas invisíveis do progresso.

O desafio agora é crescer com equilíbrio: investir em infraestrutura digital, mas com responsabilidade ambiental e eficiência energética. Afinal, a tecnologia do amanhã precisa ser tão inteligente quanto sustentável.

Além das taças: como é feita a avaliação dos vinhos?

Além das taças: como é feita a avaliação dos vinhos?

(Tempo de leitura: 2 minutos)

O que você precisa saber:
– As notas e avaliação dos vinhos têm o poder de mudar o mercado
– Mesmo com a precisão técnica, a subjetividade também faz parte da avaliação
– As notas são usadas como selo de aprovação, argumento de venda e instrumento de diferenciação


Você já reparou como alguns vinhos ganham “notas” impressionantes e de repente somem das prateleiras? Essas pontuações independentes funcionam como selos de aprovação — capazes de transformar rótulos pouco conhecidos em sucessos de venda da noite para o dia.

Por trás desse aparente número simples, existe um processo muito criterioso. Avaliações profissionais utilizam escalas padronizadas — por exemplo: de 80 a 84 pontos é recomendação honrosa; de 85 a 89, medalha de bronze; 90 a 94, prata; 95 a 100, ouro. Para definir isso, mestres e juízes realizam degustações às cegas em mesas especializadas, muitas vezes decidindo entre milhares de rótulos ao longo de semanas.

Apesar da precisão técnica, o julgamento nunca é totalmente isento de subjetividade. Preferências pessoais entram no jogo, e isso significa que conhecer quem avaliou pode ser tão importante quanto a nota em si. Além disso, em um cenário global cada vez mais competitivo, há o risco de banalização: prêmios de menor credibilidade inundam o mercado, enquanto bons vinhos ficam sem reconhecimento.

O desafio está em saber usar essas avaliações como bússola — não como mapa definitivo. O ideal é equilibrar a credibilidade do avaliador com o seu próprio paladar. E, acima de tudo: buscar prazer na taça, independentemente da nota.
Quer ficar por dentro de todos esses detalhes? Confira a matéria da Bloomberg Línea sobre o assunto.

Como é calculada a nota de um vinho – e por que ela movimenta tanto o mercado

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