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O que você precisa saber:
Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos e, em pouco tempo, já tomou medidas nos principais temas que o ajudaram a conseguir a vitória.
A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos marca o início de uma administração que se propõe a romper paradigmas e redefinir prioridades nacionais e internacionais. Com uma abordagem direta e assertiva, Trump apresenta-se como um líder disposto a enfrentar desafios globais e domésticos com ações rápidas e, muitas vezes, inesperadas. Desde antes de sua posse, suas declarações e iniciativas já sinalizavam mudanças significativas, refletindo uma estratégia de liderança que combina pragmatismo e imprevisibilidade.
Trump tem demonstrado um esforço constante para se conectar aos pontos mais relevantes e sensíveis da agenda global, como a paz no Oriente Médio, o fim do conflito na Ucrânia, a crise energética, as tensões comerciais com a China e até questões sociais polêmicas como a identidade de gênero. Essa postura, embora controversa, consolida sua influência em temas centrais para a política internacional e reafirma seu compromisso em ser uma figura de protagonismo global.
A diplomacia no Oriente Médio: um gesto ousado
Uma das primeiras movimentações de Trump foi enviar Steve Witkoff, um representante judeu e aliado de longa data, para intermediar conversas entre Israel e o Hamas. Witkoff, conhecido por sua atuação no setor imobiliário, reuniu-se com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e outras lideranças regionais. Seu papel foi essencial para mediar acordos preliminares, ainda que envoltos em controvérsias sobre a escolha de um enviado sem experiência diplomática formal. Essa estratégia reflete a abordagem de Trump de confiar em pessoas de sua rede pessoal para tarefas de alta relevância.
Como resultado, foi acordado um cessar-fogo na região de Gaza, no qual o Hamas seu comprometeu com a liberdade dos reféns e Israel em soltar palestinos presos e recuar em Gaza. Apesar da notícia positiva, há um disputa política por trás em relação a esse acordo nos Estados Unidos: foram os esforços diplomáticos de Trump ou de Biden ao longo dos meses que resultaram nessa solução? Cada um tenta reivindicar para si o sucesso nas negociações.
Ucrânia e Rússia: uma promessa de paz
Trump também sinalizou intenções ousadas no conflito entre Ucrânia e Rússia, prometendo acabar com a guerra em um curto espaço de tempo. Segundo o presidente, sua abordagem direta e assertiva seria capaz de levar as partes ao diálogo e evitar uma escalada que poderia culminar em uma terceira guerra mundial. Embora suas declarações atraiam atenção, críticos questionam a viabilidade de sua promessa e o impacto que ela pode ter na já delicada relação dos Estados Unidos com a OTAN e outros aliados.
Os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, da Rússia e Ucrânia, respectivamente, parabenizaram Trump e se manifestaram sobre possíveis resoluções para o conflito. Putin afirmou que está “aberto ao diálogo” para alcançar a “paz duradoura” com a Ucrânia, enquanto Zelensky postou na rede social X que a a administração Trump representa uma oportunidade de alcançar uma paz justa no país.

Questão de gênero: um discurso polêmico
Em seu discurso de posse, Trump abordou a questão de gênero de maneira direta e controversa, afirmando: “Agora só existem dois gêneros: masculino e feminino.” Essa declaração reflete uma postura alinhada com setores conservadores de sua base de apoio e aponta para possíveis mudanças em políticas federais relacionadas a direitos LGBTQIA+. Enquanto aliados aplaudem a posição como um retorno a valores tradicionais, críticos destacam o impacto potencialmente excludente e os desafios que essa visão pode trazer em um contexto social mais amplo e diversificado.
Imigração: enfrentando cidades-santuário
No campo da imigração, Trump planeja iniciar a deportação de imigrantes em cidades-santuário como San Diego e Chicago, o que já está gerando um confronto antecipado com lideranças locais. As cidades-santuário, conhecidas por oferecerem proteção a imigrantes indocumentados, preparam-se para enfrentar uma pressão sem precedentes do governo federal. Prefeitos e governadores dessas regiões já sinalizaram resistência às medidas, antecipando batalhas legais e políticas nos próximos meses.
Minutos após a posse, o republicano não demorou para tomar as primeiras medidas no âmbito da imigração. O presidente declarou emergência nacional na fronteira com o México e revogou o direito de cidadania automática para filhos de imigrantes ilegais.
Economia e tecnologia: decisões adiadas e lançamentos polêmicos
Trump optou por adiar a imposição de novas tarifas sobre produtos chineses e solicitou estudos mais detalhados sobre os impactos econômicos dessas medidas. Segundo ele, é necessário evitar decisões precipitadas que possam prejudicar tanto o comércio internacional quanto a economia doméstica. Essa abordagem demonstra certa cautela em relação à China, mesmo após críticas feitas durante sua campanha. A decisão de adiar as tarifas também foi vista como um esforço para manter a estabilidade econômica enquanto sua administração assume o controle das políticas comerciais.
Por outro lado, sua administração adiou também a definição sobre o futuro do TikTok nos Estados Unidos, um tema que continua sendo observado de perto pelo setor de tecnologia.
Ademais, tanto Trump quanto sua esposa, Melania Trump, lançaram criptomoedas que rapidamente atraíram atenção no mercado financeiro. A criptomoeda $TRUMP, associada à figura do presidente, foi projetada para promover a ideia de liberdade financeira e expressão. Melania, por sua vez, apresentou a $MELANIA, que ganhou destaque como um ativo digital relacionado a causas sociais. Ambas as moedas geraram debates sobre seus objetivos e possíveis conflitos de interesse, mas também ilustram o impacto de suas marcas pessoais no mercado global.
Energia: ordens executivas e emergência nacional
No setor de energia, Trump assinou um ato que declara emergência energética nacional, destacando a necessidade de reduzir a dependência de recursos estrangeiros e impulsionar a produção doméstica de combustíveis fósseis. A medida também prevê investimentos na modernização de infraestruturas críticas, como redes elétricas e oleodutos, com o objetivo de garantir maior segurança e eficiência no abastecimento. Além disso, a flexibilização de regulações ambientais foi enfatizada como uma estratégia para atrair investimentos no setor de energia e criar empregos. Enquanto apoiadores elogiam as ações como necessárias para a independência energética dos Estados Unidos, críticos apontam os potenciais danos ao meio ambiente e o retrocesso nas metas de sustentabilidade.
Do discurso à prática: o desafio presidencial
O fim do discurso como candidato e o início do mandato como presidente trazem um novo foco à liderança de Donald Trump. Suas ações iniciais revelam o tom que deve marcar sua administração: direta, polêmica e orientada para resultados rápidos. Resta observar como essas iniciativas se desdobrarão e quais impactos trarão às dinâmicas internas e externas dos Estados Unidos.
Donald Trump utiliza a imprevisibilidade como uma de suas principais estratégias de liderança. Quando afirma que fará algo, muitas vezes não faz; quando garante que não tomará uma decisão, surpreendentemente a executa. Essa abordagem confunde adversários e aliados, ao mesmo tempo em que reforça sua mensagem de poder e controle. Ao desnortear seus críticos e mostrar quem realmente dá as cartas, Trump estabelece uma narrativa de comando absoluto que desafia convenções políticas tradicionais.