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O que você precisa saber
Donald Trump superou Kamala Harris e será novamente presidente dos Estados Unidos. Além disso, o partido republicano levou vantagem no Senado e na Câmara.
Vitória acachapante e inquestionável de Donald Trump. Talvez menos pelo resultado em si, mas certamente pela diferença de votos para Kamala Harris e pelas vitórias nos estados “pêndulo”, como Pensilvânia e Carolina do Norte (swing states). Tudo indica que os Republicanos conquistarão não somente a Presidência e o Senado, mas também a Câmara dos Deputados, ainda em apuração.
A reação dos mercados confirmou nossas expectativas para um “Red Sweep”. O dólar abriu o dia se valorizando contra todas as moedas, o S&P subindo fortemente e, em contrapartida, os juros americanos ajustaram suas taxas para cima.
O racional do mercado está na inferência de que, com a maioria no Congresso, o presidente Trump terá força para aprovar medidas na direção de uma menor regulação dos mercados, potencial corte de impostos para as empresas e aumento de tarifas de importação que protejam a indústria local.
Em contrapartida, medidas nessa direção deterioram ainda mais um já preocupante déficit fiscal, deterioração esta que viria acompanhada de nova pressão inflacionária.
É cedo para avaliar a distância entre as intenções e a execução de fato, mas, em linhas gerais, espera-se um governo ainda mais protecionista, fortalecendo o tema da campanha: Make America Great Again!
A reação dos mercados locais foi menos intensa quando comparada aos nossos pares. O real, por exemplo, é uma das moedas menos pressionadas, quando comparada, por exemplo, ao peso mexicano, chileno e mesmo ao euro.
Na renda fixa, os juros longos tiveram um ajuste também menor do que o esperado, sendo que nossa curva futura abre entre 10 a 15 bps. Parte da explicação desta reação mais branda passa pela expectativa, ainda nesta semana, de um novo pacote fiscal que enderece o crescimento dos gastos públicos.

Iniciativas como um novo pente-fino no Bolsa Família e endurecimento das regras para o BPC são ventiladas, mas ainda hoje se tem pouca visibilidade quanto aos detalhes do pacote, o que de certa forma impõe, por um lado, algum risco de decepção por parte do mercado, caso as proposições não atendam às expectativas de economia, que hoje giram entre R$ 30 e 50 bilhões. Por outro lado, aumenta-se a pressão sobre o Executivo para uma célere articulação com o Congresso na direção da aprovação das medidas em tempo e escopo que agradem ao mercado.
Nossa bolsa teve reação mais negativa, principalmente pelo peso maior de setores sensíveis ao aumento de juros, ao câmbio e ao impacto de medidas tarifárias prometidas por Trump, como commodities e bancos.
Mercados às 12h – 06/11/24
S&P500 +1,63%
Ibovespa -1,07*
Real 5,78 -0,39%
Pré Jan27 13,11% +13,2 bps



Confira também a repercussão da eleição americana nos principais veículos de mídia, ao longo das últimas semanas, com a análise do nosso sócio e responsável pelas operações internacionais, Adriano Cantreva.
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Eduardo Castro é Chief Investment Officer na Portofino Multi Family Office. É Engenheiro Eletrônico formado pela USP com pós em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e MBA pela Business School São Paulo, além de possuir formação em Sustainable Business Strategy por Harvard e Finanças Comportamentais na Universidade de Chicago.