Miriam Leitão – O Globo

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economia americana manteve um crescimento forte no terceiro semestre, mostraram os dados divulgados nesta quarta-feira, no entanto, o impacto desses dados para o Brasil serão bastante limitados, na avaliação de analistas. Se até a semana passada, a mudança do patamar da cotação da moeda americana – que saltou de R$ 5,45 em setembro para R$ 5,70 este mês – vinha sendo fortemente influenciada pelo cenário internacional, na última semana o que tem puxado o dólar para cima agora é de fato a incerteza sobre se as medidas de ajuste fiscal a serem anunciadas pelo governo serão suficientes para manter a sustentabilidade do arcabouço fiscal. Samuel Pessoa, pesquisador associado do FGV IBRE e chefe da pesquisa econômica JBB, avalia, no entanto, que as medidas vindo como disse o ministro Fernando Haddad nesta manhã, para dar sustentabilidade ao arcabouço a cotação, que encosta nos R$ 5,80 nesta quarta-feira, pode cair para R$ 5.

– O movimento da nossa moeda reflete coisas que acontecem no mundo inteiro e também o risco fiscal. É muito difícil ter métricas que possam decompor esse impacto. Um modelo que desenvolvi em conjunto com o economista Livio Ribeiro, aponta que a alta que vimos do fim de setembro até a última semana, quando o dólar chegou a R$ 5,70, essa piora vinha dos dados internacionais. Na última semana, a piora foi mesmo predominantemente pela questão do risco fiscal. Se as medidas a serem anunciadas pelo governo de fato trouxerem sustentabilidade ao arcabouço, levando os gastos para o teto, o dólar cai para R$ 5 – avalia Pessoa.

Na avaliação de Samuel Pessoa, é justamente esse cenário incerto fiscal, com a aceleração da dívida pública, que não tem permitido que o Brasil atraia capital estrangeiro como deveria, apesar do aumento do diferencial de juros entre a economia brasileira e americana. Ele pondera ainda que apesar da economia americana ainda se mostrar forte, com uma taxa de crescimento de PIB anualizada de 2,8%, a inflação se mostrou resistente pelas bandas de lá, o que pode fazer com que os juros americanos, avalia Pessoa, venham a cair mais lentamente e se mantenham num patamar mais alto do que o inicialmente esperado:

– A economia americana tem dados sinais controversos, dois meses fortes, depois um indicador que aponta para risco de recessão. O fato é que estamos com a economia do mundo inteiro saindo da pandemia e ninguém entende exatamente esse comportamento.

Adriano Cantreva, sócio da Portofino Multi Family Office, radicado em Nova York, concorda:

– A possibilidade de redução dos juros envolve uma dinâmica complexa, que vai além de uma resposta direta. Fatores como o resultado das próximas eleições presidenciais – seja Trump ou Kamala – e os dados do mercado de trabalho que serão divulgados na sexta-feira terão papel central. Esses elementos, aliados à trajetória da inflação e ao fortalecimento da economia, serão determinantes para a política monetária do Federal Reserve nos próximos meses.

Para o economista Rafael Panonko, as preocupações em relação aos gastos públicos, ao endividamento do Estado são de tal monta que impedem esse prêmio do juros mais altos no Brasil seja considerado suficiente para justificar o risco para os investidores.

– Essa é um pouco da visão do mercado, tanto que ontem a gente teve o dólar batendo no patamar mais elevado dos últimos anos. E o mercado vive uma ansiedade da divulgação de um pacote de controle de gastos que o governo estaria para divulgar após as eleições, se será suficiente. Enquanto isso não acontece, a gente tem pressão inflacionária, tem dólar em tendência de alta e projeção de juros para o ano que vem se elevando também.

Em conversa com jornalistas na porta do ministério, em Brasília, Fernando Haddad disse entender a inquietação do mercado e afirmou que as medidas a serem anunciadas serão capazes de ancorar as expectativas:

– Encontrado essa fórmula, e na minha opinião o que ontem foi discutido atende, do meu ponto de vista, as coisas voltam a se ancorar, e não que nós não vamos ter dificuldade com o que está acontecendo no mundo, porque o mundo todo está passando por dificuldades, mas as coisas se atenuam.

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