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O que você precisa saber:
– Os data centers são estruturas importantíssimas para o avanço da inteligência artificial
– Nos últimos 20 anos, a capacidade global de data centers saltou de 21,4 gigawatts (GW) em 2005 para 114 GW em 2025
– Estados Unidos e China concentram cerca de 70% da capacidade total instalada no mundo
No centro da transformação digital, os data centers tornaram-se a espinha dorsal. Eles sustentam a inteligência artificial (IA), as plataformas em nuvem e praticamente todos os serviços digitais que usamos diariamente.
Com o volume de informações crescendo de forma exponencial, surge um novo desafio: manter essas infraestruturas eficientes, seguras e sustentáveis. Hoje, temas como eficiência energética, latência, conectividade e descentralização deixaram de ser questões técnicas para se tornarem decisões estratégicas.
Antes de tudo, o que são os data centers?
De forma simples, são grandes infraestruturas físicas que abrigam milhares de servidores responsáveis por armazenar, processar e distribuir dados.
É dentro deles que acontecem as operações invisíveis que permitem o funcionamento de ferramentas como o ChatGPT, o Gemini e tantas outras aplicações de inteligência artificial que dependem de enormes volumes de informação e poder computacional.
O crescimento exponencial dos data centers
Nos últimos 20 anos, a capacidade global de data centers saltou de 21,4 gigawatts (GW) em 2005 para 114 GW em 2025 — um aumento de mais de cinco vezes. Esse avanço reflete a expansão da computação em nuvem e o impacto direto da IA, que exigem cada vez mais poder de processamento e armazenamento de dados.
Em um mundo onde cada clique, transação e algoritmo geram uma avalanche de informações, os data centers se tornaram o cérebro operacional da era digital.
Um consumo de energia que preocupa
Esse crescimento tem um custo. Hoje, os data centers consomem cerca de 485 terawatts-hora (TWh) de eletricidade por ano — o equivalente a 1,7% da demanda global. E a tendência é de alta: até 2030, o consumo pode chegar a 945 TWh, impulsionado pela IA e pela expansão das infraestruturas digitais.
Diante disso, surge uma pergunta essencial: como equilibrar inovação e sustentabilidade energética?
Apesar das preocupações, a expectativa é de que até 2040 a inteligência artificial seja a responsável por menos de 3% do consumo global de energia. O percentual é menor do que setores como carregamento de veículos elétricos e refrigeração de prédios.

EUA e China dominam o cenário global
Atualmente, Estados Unidos e China concentram cerca de 70% da capacidade total instalada no mundo. Os EUA lideram em inovação e investimentos. Já a China enfrenta um desequilíbrio entre oferta e demanda.
Em 2024, mais de 144 empresas chinesas registraram projetos de grandes modelos de linguagem (LLMs). No entanto, apenas 10% ainda investiam ativamente até o fim do ano, segundo o Economic Observer.
O resultado? Infraestruturas ociosas. Em Zhengzhou, por exemplo, há data centers recém-construídos oferecendo vouchers de computação gratuitos para atrair startups e empresas locais — um retrato do excesso de capacidade frente à demanda real.
(Saiba mais na MIT Technology Review)
Sustentabilidade sob os holofotes
Agora, os data centers entram em uma nova fase. Estão no centro dos holofotes, atraindo investimentos e também discussões sobre impacto ambiental.
Além do consumo de energia, a construção dessas estruturas em áreas verdes levanta alertas sobre ocupação territorial e desmatamento. A busca por soluções mais limpas e eficientes — como o uso de energias renováveis e reaproveitamento de calor — se tornou prioridade global.
O Brasil na rota dos grandes investimentos
Nesse contexto, o Brasil desponta como um destino promissor para investimentos em data centers. A digitalização crescente da economia, somada à disponibilidade de energia limpa e abundante, cria condições ideais para o avanço do setor.
Segundo a Aneel, 85% da energia produzida no país vem de fontes renováveis, um grande atrativo para empresas que buscam alinhar tecnologia e sustentabilidade.
De acordo com a Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), o Brasil conta com 162 data centers, ocupando a 10ª posição no mercado mundial. E há espaço para crescer: estimativas da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação indicam que o setor deve movimentar US$ 11,4 bilhões até 2026.
Empresas globais já estão de olho. A Alibaba, por exemplo, anunciou planos de expandir sua base global de data centers no Brasil.
Desafios locais
Apesar do otimismo, o país enfrenta obstáculos. A carga tributária elevada, especialmente sobre importação de equipamentos, é uma das barreiras. A infraestrutura elétrica e de conectividade também representa um desafio.
Os parques geradores de energia estão concentrados no Nordeste, longe da maior parte dos data centers, localizados no Sudeste. Mover os data centers para mais perto das fontes renováveis traz outro obstáculo: a falta de fibra óptica suficiente para garantir conectividade de ponta.
Mesmo assim, há avanços importantes. Após a publicação da Política Nacional de Data Centers, em 2025, profissionais do setor relatam maior interesse de empresas estrangeiras em investir no país. (Leia mais no O Globo)
O futuro dos data centers
Com a IA impulsionando a próxima onda de inovação, os data centers se tornam as usinas invisíveis do progresso.
O desafio agora é crescer com equilíbrio: investir em infraestrutura digital, mas com responsabilidade ambiental e eficiência energética. Afinal, a tecnologia do amanhã precisa ser tão inteligente quanto sustentável.