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O que você precisa saber:
Em entrevista para a Esfera Brasil, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, falou sobre as oportunidades sustentáveis da região.
Por Esfera Brasil
Pernambuco prevê R$ 1,7 bilhão em investimentos na infraestrutura necessária para distribuir ao restante do País a energia gerada nos parques solares e eólicos da Zona da Mata ao sertão, o que contempla a construção de novas linhas de transmissão e subestações.
Comandado por Raquel Lyra, que nos cedeu a entrevista exclusiva abaixo, o estado é um dos que se projetam na região como impulsionadores de um modelo econômico sustentável, a partir da gestão consciente dos recursos naturais e da valorização de projetos voltados à pesquisa e inovação.
De que forma Pernambuco tem estruturado políticas públicas com foco na transição energética para os próximos anos? É possível projetar um volume de investimentos?
Devido às características naturais do nosso estado, que tem grande potencial de geração de energias solares, eólicas e de biomassas, temos articulado a atração de investimentos públicos e privados. A realização de leilões da Aneel para a construção de linhas de transmissão e subestações viabilizará a infraestrutura necessária para escoar a energia renovável para os maiores mercados consumidores dentro do Brasil, que são as regiões Sul e Sudeste. Somente em Pernambuco, esses leilões representam investimentos na ordem de R$ 1,7 bilhão. Vender para garantir a demanda de consumo para essa energia produzida na região, não só no Brasil, mas fora também, é fundamental para sustentar a transição energética.
A transição energética para Pernambuco e para o Nordeste precisa ser enxergada como uma grande oportunidade de crescimento econômico com redução das desigualdades. No mês de fevereiro, nós inauguramos uma usina de autoprodução de energia solar para abastecer unidades da Compesa [Companhia Pernambucana de Saneamento]. Concluímos a primeira etapa da usina solar, que fica no município de Flores, no Sertão do Pajeú. Fizemos um investimento de R$ 26 milhões. A previsão é que sejam reduzidas mil toneladas de emissão de CO2 na atmosfera.
“Novas rotas energéticas têm o potencial de colocar a região em uma posição de protagonismo global, mas devem ser construídas de modo a promover o desenvolvimento da nossa cadeia industrial e a geração de emprego e renda”, Raquel Lyra.
Como a senhora enxerga projetos como o Marco Legal do Hidrogênio Verde, o PL do Combustível do Futuro e o Mover nesse processo?
Novas legislações pavimentam o caminho para o surgimento de novas rotas energéticas, em especial no Nordeste e no estado de Pernambuco. Essas rotas têm o potencial de colocar a região em uma posição de protagonismo global, mas devem ser construídas de modo a promover o desenvolvimento da nossa cadeia industrial e a geração de emprego e renda.
Nosso estado possui capacidade instalada de infraestrutura, a exemplo do Porto de Suape, para atrair investimento de cadeias industriais que se beneficiarão da energia limpa e competitiva disponível em nossa região. O hidrogênio renovável e os biocombustíveis são exemplos de como essas novas rotas podem se consolidar.
Nesse sentido, vale ressaltar, na redação aprovada pelo Congresso para o Marco Legal do Hidrogênio Verde, a inclusão da biomassa e do etanol na rota de produção do hidrogênio renovável. Isso amplia as possibilidades de construirmos uma transição energética que considere os atributos e as oportunidades da nossa região.
Quais são os principais legados que Pernambuco quer deixar na agenda da economia verde?
Queremos, a partir dessa capacidade instalada, desenvolver novas cadeias de valor agregado, ou seja, produzir fertilizantes e produtos manufaturados com a energia verde. Queremos deixar como legado nossa responsabilidade social e ambiental durante a transição para a economia verde.
Nosso objetivo é que nossa atuação tenha um impacto duradouro na criação de uma economia mais sustentável, resiliente e justa para as futuras gerações. Estamos comprometidos com o desenvolvimento de políticas públicas sustentáveis que promovam energias renováveis, eficiência energética, a conservação dos recursos naturais do estado e a diminuição das emissões de gases de efeito estufa.
Lançamos um Plano de Ação e um Modelo de Governança para promover uma economia sustentável e inclusiva, dando início à transição no estado. Acreditamos que as empresas locais também devem ser protagonistas nesse processo. Incentivamos a adoção de práticas sustentáveis e o desenvolvimento de responsabilidade social corporativa. Por meio do Movimento Plantar Juntos, estamos recuperando áreas degradadas do nosso estado, com a meta de plantar quatro milhões de árvores até o fim de 2026.
De que forma outros estados e regiões podem aproveitar o potencial da região Nordeste na transição energética?
Na área de energia sustentável, outras regiões podem apoiar e participar de projetos de cooperação para desenvolver parques eólicos e solares, compartilhando tecnologias e melhores práticas.
Além disso, é crucial trabalhar nas interconexões de rede, investindo em uma infraestrutura robusta de transmissão de energia que permita a integração da produção de energia renovável do Nordeste com outras regiões do País. Isso inclui a modernização e expansão da rede elétrica para acomodar a variabilidade das fontes renováveis. Promover a inovação por meio de concursos, subsídios e incubadoras de startups que estejam desenvolvendo soluções inovadoras para a transição energética também é uma estratégia valiosa.
Somos parceiros da Esfera BR, uma iniciativa independente e apartidária que fomenta o pensamento e o diálogo sobre o Brasil, um think tank que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva. Todas as opiniões aqui apresentadas são dos participantes do evento. O nosso posicionamento nesta iniciativa é o de ouvir todos os lados, neutro e não partidário.
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