Na segunda-feira, 18 de abril, participamos de um almoço da Esfera Brasil com Guido Mantega, ex-ministro da Economia nos governos Lula e Dilma Rousseff e nome cotado para assumir a pasta em caso de eleição do ex-presidente.
O Estado em questão
Logo em sua primeira fala no almoço, Mantega ressaltou a importância do Estado no desenvolvimento do Brasil. Ele disse que observou o presidente Jair Bolsonaro trabalhar em direção às privatizações, imaginando que iria “chover investimentos”. Porém, segundo o ex-ministro, não foi isso que aconteceu.
Na opinião dele, quando o país está em crise o investimento não vem. Ele complementou explicando que não é contra as privatizações, mas que em alguns pontos é necessário o trabalho em conjunto e em outros a predominância do Estado.
Petrobras em pauta
Na esteira das privatizações, não demorou muito para o assunto chegar até a Petrobras. Um dos temas de maior discussão atualmente e de grandes implicações na corrida eleitoral, Mantega rapidamente questionou: “Qual a vantagem de privatizar a Petrobras?”. Em resposta, argumentou que a empresa “seria um oligopólio que na mão da iniciativa privada iria focar somente no lucro”. Ele ainda destacou que os preços poderiam estar mais altos e que são eles que direcionam a bússola para a crise que enfrentamos.
Ademais, afirmou que empresa pública tem que ser eficiente, mas ponderou que não precisa do lucro astronômico que teve no ano passado. O economista comentou sua posição dizendo que as empresas ligadas à holding acabavam atrapalhando. Por outro lado, relembrou que as mesmas já foram vendidas e que não vê necessidade de privatização.
Ainda sobre a estatal, ele disse acreditar na importância da empresa por trabalhar com a “commodity mais sensível do mundo”. Encerrando o debate a respeito do tema, o ex-ministro explicou que a sugestão dele para a alta dos preços dos combustíveis seria fazer como a Noruega e criar um fundo estabilizador, o qual, segundo ele, não funcionaria para controlar os preços, mas sim para controlar as grandes variações.
Teto de gastos: sim ou não?
Mantega disse que é contra. Ele comentou que acredita em uma âncora fiscal para controlar os custos, contudo argumentou que isso não pode limitar os investimentos no Brasil. Neste sentido, ele explicou que “investimento não é gasto” e que estamos atrás de muitos países vizinhos em questão de infraestrutura. Apesar de ser contra, ele afirmou que vai trabalhar para manter o teto de gastos, porém irá tirar o investimento da equação.
No campo das reformas, ele começou falando sobre a tributária. Sobre ela, o economista falou que não existe a Reforma Tributária perfeita, mas existe a boa. Ele relembrou que tentou duas vezes, em 2004 e 2008, realizar a reforma, mas esbarrou na dificuldade de diálogo.
Ele disse que o foco principal teria que ser para alimentar a produtividade com foco nos setores produtivos do país. Adicionou também que acha errado a tributação atual ser focada em consumo e, para ele, a ideia teria que ser taxar grandes lucros ou fortunas, chegando em um ponto de equilíbrio.
No caso da Reforma Trabalhista, Mantega analisou que terá reajustes, pois é uma lei antiga que precisa de formulação. Ele falou que sabe que é necessário facilitar a geração de emprego. Sendo assim, explicou que programas como Minha Casa Minha Vida são exemplos de como um projeto público envolve construtoras privadas, que estimulam a economia.
Chapa Lula-Alckmin
Alvo de muita polêmica, a união entre Lula e Geraldo Alckmin, na visão de Mantega, terá um grande peso para focar no centro. Além disso, ponderou que as falas de Lula pró-sindicato são mais emocionais, mas, caso eleito, pensa que o governo será um centro-esquerda.
Banco Central, Campos Neto, Pedro Guimarães e a pandemia
Ao ser perguntado sobre a atuação de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, o ex-ministro disse que os dois estão fazendo um bom trabalho de forma geral, mesmo achando que o Campos Neto não deveria ter baixado os juros para 2%, mas admitiu que dentro da crise você só descobre o exagero quando ela melhora.
Agora, no aumento da taxa de juros, acredita que o presidente do BC também subiu um pouco de forma exagerada, e que como não temos uma demanda de inflação, não precisaria aumentar tanto. Contudo, ressaltou que foi um bom gestor.
Estratégia do PT
Já na parte final do almoço, Guido Mantega foi questionado sobre qual seria a estratégia do PT. Em meio a dedução de ser estatista, ele afirmou “não é estatista, e sim desenvolvista”. Ele ressaltou que o capitalismo retardatário (o Brasil chegou depois em um mundo já capitalista), precisa do Estado para acelerar.
Por fim, reconheceu que dentro do partido tem extremistas, contudo não é o Lula que dá essa orientação. “O Lula de hoje é o mesmo de 2002. O foco dele é conciliar e estimular o diálogo”, finalizou Mantega.
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Esta é uma iniciativa Portofino Multi Family Office e EsferaBR com o propósito de fomentar o diálogo entre políticos e empresários brasileiros. Todas as opiniões aqui apresentadas são dos participantes do evento. O nosso posicionamento nesta iniciativa é o de ouvir a todos os lados, neutro e não partidário.
Na segunda-feira, 11 de abril, participamos de um jantar da Esfera Brasil com Bruno Araújo, presidente do PSDB.
Eleições 2022
“É muito difícil quebrar a polarização, mas é possível” e “o jogo acaba quando balança a bandeira” foram as frases que Bruno Araújo iniciou sua participação no evento.
Como não poderia ser diferente, muito em virtude das recentes polêmicas envolvendo o PSDB e quem seria o candidato do partido para chefe do executivo, o discurso de Araújo na maior parte do jantar foi sobre o tema.
Em suas falas iniciais, ele disse que o objetivo é quebrar a polarização “com todos os esforços”. Neste sentido, Araújo comentou que o planejamento do PSDB era fazer as prévias em relação ao candidato para Presidente da República no ano passado para se prepararem melhor.
O presidente do partido revelou que o PSDB, Cidadania, MDB e União Brasil fizeram um “pacto” entre os partidos e afirmou que o nome oficial para terceira via dessa coalizão será feito em consenso no dia 18 de maio, podendo ser qualquer pessoa filiada a algum desses quatro e com mais de 35 anos de idade.
Como sabemos, os principais nomes em disputa são o de João Dória (PSDB), ex-Governador de São Paulo, Sergio Moro (União Brasil), ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Eduardo Leite (PSDB), ex-Governador do Rio Grande do Sul, e Simone Tebet (MDB), senadora.
O critério da estratégia da coalizão, segundo Araújo, será escolher o candidato e depois estudar a melhor forma de lançar. Contudo, o que ele garante é que o candidato escolhido terá mais de um terço da força política do Brasil: 20 mil vereadores, 2 mil prefeitos, 160 deputados e 10 governadores. Além disso, ele destacou que o conjunto de recursos do Fundo Eleitoral será o maior do Brasil.
PT: R$ 484 milhões;
PL: R$ 283 milhões
Pacto: R$ 770 milhões (União Brasil) + R$ 356 milhões (MDB) + R$ 314 milhões (PSDB) + R$ 86 milhões (Cidadania) = R$ 1.5 bilhões.
Quando perguntado sobre as prévias feitas no PSDB e como seria para conciliar com o movimento entre os partidos, Araújo afirmou “que o pacto partidário está acima de qualquer prévia do partido”.
Questionado sobre Dória, o presidente do PSDB confirmou o que já havia dito antes sobre a escolha de um nome único e disse acreditar que o ex-governador vai aceitar. “Em consenso vamos chegar em um nome único e, independentemente de qual seja, ele tem certeza que o Dória vai aceitar colocar o Brasil na frente”, comentou.
Lula x Bolsonaro
No caso da estratégia da terceira via não dar certo e a disputa realmente se concentrar entre Lula e Jair Bolsonaro, Araújo explicou que há 40 dias pensava ser possível que o candidato do PT vencesse as eleições ainda no primeiro turno, mas ponderou que o atual presidente pode virar o jogo.
“Muitos eleitores acabaram ‘doando’ seus votos para o Lula, mas o que vem acontecendo é que Lula está preso nas suas últimas candidaturas, questão que está assustando os eleitores e os fazendo repensar. Desta forma, faz com que Bolsonaro ganhe tração e possa conseguir virar o jogo e ser reeleito”, analisou o convidado.
Os objetivos do PSDB
Na parte final do jantar, Araújo contou sobre o projeto do partido para as eleições deste ano. Além da presidência, um dos objetivos é manter o PSDB no estado de São Paulo com Rodrigo Garcia. “60% dos prefeitos gostam dele e praticamente domina o interior de São Paulo. Ele vai surpreender a todos”, finalizou.
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Na quarta-feira, 30 de março, participamos de um jantar da Esfera Brasil com a presença do Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, e Daniella Marques, Secretária do Ministério da Economia.
“É como desarmar 50 bombas fiscais”
Marques começou a conversa falando sobre a sua trajetória e como chegou no ministério. Ela explicou que já havia trabalhado com o ministro Paulo Guedes no setor privado antes da vida pública e então foi chamada para a Economia no fim de 2019.
A secretária descreveu seu trabalho como assessora de assuntos estratégicos e disse: “É como desarmar 50 bombas fiscais e egos diariamente”. Ela ainda disse que, com a troca do ministro da Casa Civil, quem articulava no Poder Executivo e Poder Legislativo eram ela e Paulo Guedes, situação a qual descreveu como “desafio enorme”.
Efeito da Covid-19
Sem deixar de mencionar o impacto que a pandemia de coronavírus teve nos planos da pasta, Daniella explicou que a crise atrapalhou todos os projetos do ministério e ressaltou ser difícil achar um equilíbrio entre a saúde e a economia, “principalmente em um país de terceiro mundo”.
Contudo, apesar das dificuldades enfrentadas no período, Marques destacou que conseguiram aprovar marcos e leilões e digitalizaram boa parte dos processos burocráticos no Brasil, dando mais liberdade aos cidadãos.
Reformas e cenário econômico
Na parte final de seus destaques, a secretária mostrou-se contente com o que vem fazendo nos últimos tempos. Ela disse que sabe que ainda faltam algumas reformas, como a Administrativa e a Tributária, e admitiu que não será possível aprová-las nesse ano.
Ademais, ela disse que os economistas vão errar nos cálculos do crescimento do Brasil, pois o emprego, segundo Marques, vai voltar forte. Para defender sua linha de raciocínio, ela mencionou os dados do Caged, que vieram quase 100 mil novos empregos acima da projeção.
Guimarães começou sua participação no jantar falando sobre a “limpeza” que fez quando entrou na Caixa Econômica Federal no início do governo. Ele relembrou que o banco não tinha um presidente, mas sim era comandado por cinco partidos que tinham até 13 vices-presidentes representando eles, e falou que trocou 49 dos 50 diretores.
Ele ainda citou o caso em que a Polícia Federal achou R$ 50 milhões em espécie dentro do apartamento de um deles.
“O maior banco de crédito do hemisfério sul”
Falando um pouco mais sobre a Caixa Econômica, Guimarães afirmou que ela é “o maior banco de crédito do hemisfério sul” e ressaltou a importância da instituição ser estatal, comparando com o Itaú e o Bradesco, que fecharam 500 agências, enquanto a Caixa abriu 300.
Ao analisar o período da pandemia, o presidente disse que o momento ajudou a digitalizar o banco e diminuir os processos burocráticos. Em tempo, também comentou sobre o auxílio emergencial, que conseguiu entregar o benefício para mais de 60 milhões de brasileiros.
Em 2019, de acordo com Guimarães, eles tiveram R$ 20 bilhões de lucro. Já em 2021, esse valor foi de R$ 17 bilhões. Ele explicou que no ano passado abriu milhares de frentes no banco e lucrou um pouco menos, porém ficou contente pelo mérito da estatal.
“A Caixa foi o banco que mais emprestou microcréditos no Brasil. 3 milhões. Sabe quanto foi que o segundo maior banco emprestou? Zero”, disse Guimarães para destacar a capilaridade e capacidade da Caixa em atingir os brasileiros e, principalmente, os mais necessitados.
O foco deles agora é disponibilizar mais de R$100 bilhões de créditos voltados para o agronegócio.
Open finance e a meritocracia
Na opinião do presidente do banco, o open finance vai conseguir mostrar que a taxa da Caixa é a menor do Brasil entre os bancos e vai sempre conseguir bater a taxa dos outros. Além disso, mencionou também a importância da meritocracia na Caixa. Disse que antes tinha quase 0% de mulheres trabalhando e hoje são 28%.
Por fim, ele finalizou mostrando que se ano que vem entrar um governo diferente, a Caixa poderá voltar a ser como era antes e todo o trabalho dele poderá ter sido em vão. Pediu também para que os brasileiros valorizem a estatal, pois o trabalho dela é essencial para a sociedade brasileira.
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Na quinta-feira, 17 de março, participamos de um jantar da Esfera Brasil com Rogério Marinho, Ministro do Desenvolvimento Regional do Brasil.
Trajetória
Rogério Marinho, hoje no Partido Liberal, já foi Secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte entre 2012 até 2014. Depois disso foi Deputado Federal pelo o estado até ser convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir como Secretário Especial de Previdência e Trabalho do Brasil.
No cargo, Marinho foi coordenador do governo em aprovar a Reforma da Previdência e o projeto “Carteira Verde-Amarelo”, que visava combater o desemprego por meio de incentivos fiscais. Logo depois, foi convidado para ser o Ministro do Desenvolvimento Regional do Brasil no começo de 2020, cargo que ocupa até hoje.
Rogerio Marinho em pronunciamento transmitido pela TV Globo.
Feitos da gestão
O ministro começou seu discurso no jantar falando que o empreendedor gera riqueza no país, sendo pequeno ou grande. Ademais, completou dizendo que o papel do governo é não atrapalhar.
Na sequência, como não podia ser diferente, Marinho começou a comentar sobre os feitos dentro da pasta. Ele ressaltou que a principal meta é a redução das desigualdades regionais no Brasil. Como exemplo, ele mencionou que pretende, até 2023, que 90% da população tenha esgoto, sendo que atualmente mais de 100 milhões de pessoas não têm acesso ao tratamento de esgoto. Em contrapartida, como afirma o político, o Brasil está entre as 10 maiores economias do mundo.
Entre outros feitos, ele citou:
Gastos R$ 4,5 bilhões em obras de segurança hídrica;
O desenvolvimento de um trabalho para levar água de qualidade para a população;
Criação de um novo fundo que tem R$ 715 milhões para estados e municípios;
Extensão da linha férrea;
Novo marco hídrico com projetos aprovados de R$ 10,92 bilhões entre os nove leilões de saneamento básico;
Número de captação de recurso via debênture incentivada de 2015-2018 triplicou entre o ano de 2020-2021;
Obras com parceria entre o setor público e privado seguindo os critérios ESG.
Marinho também comentou sobre o déficit de habitação no Brasil. Segundo ele, nos últimos 20 anos o Brasil deu 200 mil títulos de propriedade aos pequenos produtores rurais. Neste governo, Marinho afirma que foram 340 mil títulos nos últimos três anos.
Continuando seu discurso no jantar, Marinho avançou no campo das obras. Ele comentou que praticamente todos os governos que entram em um novo mandato abandonam obras anteriores. Rogério Marinho citou que recebeu 170 mil obras inacabadas, afirmou que “o Brasil é um cemitério de obras” e destacou que já ativou 140 mil obras, com 15.600 entregues. As outras 30 mil, de acordo com Marinho, têm algum problema ligado à empresas ou ao ministério público.
Reforma da Previdência
Ao comentar sobre sua passagem como articulador do governo para a aprovação da Reforma da Previdência, o ministro ressaltou que, na verdade, são R$ 1,1 trilhão economizados com o projeto, e não somente os R$ 800 bilhões.
Panorama do governo Bolsonaro
Em relação ao governo de forma geral, Marinho ressaltou que os maiores problemas são a desigualdade regional no Brasil e que o nordeste tem 28% da população do Brasil e apenas 14% do PIB.
Ele ponderou que o mandato do presidente Jair Bolsonaro passou por fatores como a pandemia de coronavírus, a guerra entre Rússia e Ucrânia, facada, entre outras situações que, na visão do ministro, pioraram sua reputação. Contudo, ele fez questão de destacar que é um governo que “trabalha em silêncio” e entrega muito, mas que infelizmente a grande imprensa cria narrativas que não refletem a realidade da gestão.
Por fim, Marinho disse que Bolsonaro é um homem rude, não tem filtro, mas tem a verdade. O político antes de finalizar ainda comentou que parece que nós temos saudades dos líderes pretéritos, os quais eram acusados de assaltar as estatais e de corromper as pessoas.
Esta é uma iniciativa Portofino Multi Family Office e EsferaBR com o propósito de fomentar o diálogo entre políticos e empresários brasileiros. A nossa opinião é neutra e não é partidária.