O que você precisa saber: Confira o que aconteceu no III Fórum Esfera Internacional, realizado em Belém (PA).
Por Esfera Brasil
O III Fórum Esfera Internacional, realizado em Belém (PA), reuniu, na manhã desta sexta-feira (10) lideranças políticas e empresariais para antecipar as discussões da COP30, prevista para outubro. O evento marcou a convergência entre representantes do governo federal, do setor privado e da sociedade civil em torno de um objetivo comum: transformar o potencial ambiental brasileiro em oportunidades concretas de investimento.
Entre os temas centrais estiveram a transição energética, a atração de investimentos estrangeiros e a integração da Amazônia à agenda econômica nacional, com destaque para projetos de infraestrutura e bioeconomia. A mensagem predominante foi de urgência e pragmatismo: o País não pode abrir mão de liderar a agenda climática global, mas precisa fazê-lo com equilíbrio fiscal e segurança jurídica.
Autoridades locais, ministros e empresários, reforçaram a mensagem de fortalecer o diálogo entre poder público e iniciativa privada fora do eixo Brasília–São Paulo, levando o debate econômico a regiões estratégicas do País.
“As discussões que estarão acontecendo na COP são transversais. É muito mais do que um evento de meio ambiente. O meio ambiente dialoga diretamente com a economia”, ilustrou o governador do Pará, Helder Barbalho.
Governança e segurança jurídica
A consolidação de um ambiente de negócios seguro passa por marcos regulatórios bem definidos e estabilidade nas políticas públicas. Por outro lado, a ausência de regras sólidas e o excesso de judicialização afastam investidores, especialmente em setores estratégicos como a infraestrutura.
“Muita gente pergunta porque não vem outra empresa aérea para o Brasil, mas como a gente explica o sistema tributário, regras trabalhistas e alto grau de judicialização?”, questionou Tiago Faierstein, diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Somado a isso, o diretor-presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, apontou a carga tributária como grande gargalo na atração de investimentos.
“Mais de 50% do que pagamos de energia elétrica é imposto ou política pública. Isso tem que ser alterado. O consumidor sofre, a indústria sofre e a competitividade brasileira sofre”, disse.
Transição energética
Que o Brasil é um grande player no cenário da transição energética global, isso não é novidade. Mas as inovações regulatórias feitas nos últimos anos têm evidenciado a capacidade brasileira de atrair novos negócios. Um exemplo disso são os data centers.
No último mês, o governo editou a Medida Provisória do Redata, que institui o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center. O programa oferece incentivos fiscais para atrair investimentos para a construção de centros de processamento e armazenamento de dados no Brasil, criando contrapartidas como investimento em pesquisa, desenvolvimento e sustentabilidade.
Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a medida apenas reforça o exemplo brasileiro na transição energética. “Pelas nossas potencialidades e pelo que construímos e fortalecemos nos últimos anos, o Brasil se coloca com infraestrutura suficiente e com energia limpa e renovável. […] Estamos preocupados que estes investimentos gerem efetivamente frutos e resultados, e não sejam apenas pontos de armazenamento de informações para outras nações. Queremos que eles gerem emprego e renda, por isso também estamos garantindo conteúdo local”, defendeu o ministro.
A nova Belém
Pela primeira vez sediando um evento internacional deste porte, a capital paraense esteve, nos últimos meses, no centro de questionamentos quanto à capacidade para hospedar a COP30. Mas para o ministro do Turismo, Celso Sabino, o evento apenas reforçará a relevância da região Norte na agenda econômica sustentável do País.
“Nunca a cidade de Belém foi tão mencionada como nos últimos meses. O mundo todo só fala em Belém. […] A Amazônia é muito mais do que uma foto de satélite”, declarou.
O prefeito da cidade, Igor Normando, reforçou o marco histórico: “Nós sempre pensamos a COP 30 para além do evento. Pensamos no legado que vai ficar para a nossa cidade”.
Sediar o evento no Brasil, portanto, será uma vitrine de bons exemplos das soluções encontradas pelas diferentes atividades econômicas. “A COP será uma oportunidade para mostrarmos ao mundo o que é uma mineradora que faz as coisas pensando no ecossistema, na descarbonização e na sociedade”, disse Rachel Maia, conselheira de administração da Vale.
Somos parceiros da Esfera BR, uma iniciativa independente e apartidária que fomenta o pensamento e o diálogo sobre o Brasil, um think tank que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva. Todas as opiniões aqui apresentadas são dos participantes do evento. O nosso posicionamento nesta iniciativa é o de ouvir todos os lados, neutro e não partidário.
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O que você precisa saber: Em encontro da Esfera Brasil, o ex-vice-presidente Hamilton Mourão defendeu que a sustentabilidade das contas públicas seja prioridade.
Por Esfera Brasil
O ex-vice-presidente da República e atualmente senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) avaliou que a direita brasileira tem grandes chances de vitória na corrida presidencial de 2026, citando os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSD-RS), como bons candidatos.
“Temos toda uma possibilidade do grupo de direita sair vitorioso. Temos gente capacitada, gestores provados. E temos um governo do presidente Lula, que ainda está preso no início dos anos 2000, e já estamos em 2025”, afirmou durante encontro na Casa ParlaMento na quarta-feira (10).
O parlamentar afirmou que o candidato a ser eleito terá trabalho longo e urgente com foco principalmente em medidas fiscais, a fim de reverter o cenário de vulnerabilidade para as contas públicas nos próximos anos.
“Quem foi eleito ano que vem vai ter que executar ao longo dos próximos quatro anos uma política de ajuste draconiana. Não tem como, independentemente se o atual presidente for reeleito ou se o alguém do nosso campo vencer a eleição, vai ter que tomar essa atitude”.
Tarifaço
Membro da comissão mista que analisa o texto da Medida Provisória do Plano Brasil Soberano (MP 1309/2025), o senador também fez breve análise sobre o fenômeno do tarifaço. Ele faz uma leitura de que o Brasil representa pilares como o pacto de gerações, a democracia, o capitalismo, e o estado de direito. Contudo, o governo petista tem se utilizado desses valores para ideologizar as relações internacionais.
“O que ocorre é que o governo do presidente Lula tem uma visão ideológica dessa relação. Não pode ser assim. Temos que atuar com pragmatismo e flexibilidade”, declarou.
Para Mourão, a relação institucional entre Brasil e Estados Unidos foi marcada por uma série de equívocos desde o início do mandato de Donald Trump. Ele citou a recusa do presidente Lula em se comunicar com o presidente norte-americano após o resultado das eleições americanas, postura que se manteve na gestão da crise das tarifas.
“O governo tem que perder a soberba, o presidente da República tem que passar a mão no telefone e ligar para o presidente Trump”, defendeu.
Ainda, no diagnóstico do senador, o plano traçado pelo governo brasileiro para socorrer as empresas afetadas é “paliativo”. Além de ser avaliada como insuficiente para a manutenção dos padrões da operação dos setores afetados, o pacote também conta com a estratégia de deixar o crédito extraordinário de fora do arcabouço.
Forças Armadas na política
Questionado sobre a participação das Forças Armadas na composição política, Mourão avaliou que hoje o país encara de forma mais madura a presença de militares em cargos públicos. O senador, que também é general da reserva do Exército brasileiro, descreve que a história da democracia brasileira foi marcada por episódios em que foi necessário que o Executivo colocasse limites claros, separando a política dos quartéis.
“Não há essa entrada da política dentro da força, porque se a política entra no quartel pela porta da frente, a disciplina e hierarquia se evadem pela porta dos fundos”, concluiu.
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O que você precisa saber: O equilíbrio fiscal é a base para garantir serviços públicos, atrair investimentos e dar segurança à população e ao setor produtivo. Em Mato Grosso, o ajuste iniciado em 2019 permitiu retomar obras, gerar empregos e melhorar indicadores sociais, mostrando que boa gestão começa pelas finanças.
Por Mauro Mendes, governador do Estado de Mato Grosso
“O orçamento é o coração do governo. Quem governa mal as contas, governa mal o povo” (Ulysses Guimarães). Essa frase, dita há décadas, é mais atual do que nunca. Nenhum governo consegue entregar políticas públicas de verdade se não tiver suas contas em ordem. Saúde fiscal não é apenas uma questão contábil. É o ponto de partida para garantir o básico: salários em dia, investimentos estruturantes, credibilidade institucional e respeito ao cidadão.
Quando um estado ou país perde o controle do seu orçamento, o efeito é imediato: fornecedores não recebem, serviços travam, obras param e o investidor privado recua. Ninguém aplica dinheiro onde impera a instabilidade, onde há risco constante de aumento de impostos ou mudanças abruptas de regras. A desorganização fiscal vira sinônimo de insegurança.
Por isso, defendo com firmeza que o equilíbrio fiscal seja tratado como prioridade absoluta em qualquer esfera de governo. Isso vale para municípios, estados e, principalmente, para a União, que tem registrado déficits bilionários nas contas primárias e já recebeu alerta do Tribunal de Contas da União de uma “quebradeira geral” em 2027.
Em Mato Grosso, enfrentamos essa realidade logo no início da primeira gestão, em 2019. Pegamos um estado quebrado, com salários atrasados e rombos acumulados. Optamos por fazer o que precisava ser feito: um ajuste fiscal duro, responsável e necessário. Cortamos gastos, reorganizamos contratos, acabamos com desperdícios e colocamos as finanças em ordem.
O resultado disso foi a recuperação da capacidade de investimento. Com as contas organizadas, conseguimos investir ano após ano quase 20% da receita em obras e serviços públicos, bem acima da média nacional. E não foi só isso: criamos um ambiente confiável para o setor produtivo, que passou a investir, gerar empregos e movimentar a economia do estado.
Um exemplo claro dessa combinação de responsabilidade e ação foi a solução para a BR-163, uma rodovia federal que estava há anos no abandono. O Governo do Estado pegou o problema para si, comprou a concessão e hoje executa a maior obra rodoviária do País, com mais de 100 quilômetros de duplicação já entregues e outros 130 previstos até o final do ano. A duplicação, prevista para terminar em oito anos, será feita em quatro.
Essa trajetória mostra que é possível, sim, aliar responsabilidade fiscal com entregas concretas que beneficiam diretamente o cidadão. E mais do que isso: mostra que boa gestão começa pelas finanças. Antes de pensar em grandes projetos, é preciso garantir que o caixa suporte as ideias.
Governo bom não é o que promete. É o que entrega para a população. E só entrega quem tem responsabilidade com o dinheiro público, sabe o que fazer, planeja e toma coragem para fazer. Essa é a escolha que fizemos em Mato Grosso. E que o Brasil precisa fazer com urgência.
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O que você precisa saber: Nesta semana, aconteceu a terceira edição do Seminário Brasil Hoje, com a presença de grandes nomes, como Tarcísio de Freitas, Gilberto Kassab, Ciro Nogueira, entre outros.
Por Esfera Brasil
Empresários, especialistas e líderes políticos deram o tom dos debates no próximo ano: a agenda desenvolvimentista precisa ser retomada. Com a presença de governadores, ex-presidentes e lideranças partidárias, a terceira edição do Seminário Brasil Hoje, realizada pela Esfera Brasil, nesta segunda-feira, 25, mergulhou nos temas mais urgentes para o Brasil atualmente — cenário eleitoral, regulação das redes sociais, fortalecimento das agências reguladoras, além de temas recorrentes, como economia e inovação.
Cotado como possível nome da centro-direita para disputar a Presidência em 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, refletiu sobre a relevância de se estabelecer um projeto de País que tenha como preocupação central a agenda de desenvolvimento econômico e social. Ele aponta que a agenda fiscal, a desindexação de despesas do orçamento público e a harmonia entre os Três Poderes serão pontos-chave a serem enfrentados pelo próximo governo eleito.
Questionado pelo presidente do Partido Progressistas, Ciro Nogueira, sobre um lema para o próximo pleito, Tarcísio fez referência ao ex-presidente Juscelino Kubitschek e declarou que o Brasil precisa perseguir o “40 anos em 4”. Ainda, ponderou a necessidade do Brasil deixar a agenda eleitoral de lado e começar a discutir um projeto de País: “A gente não pode pensar só em eleição, a gente tem que pensar em geração”.
“Esse cara [JK] impulsionou a indústria, interiorizou e construiu o Brasil. Ele construiu uma cidade, que hoje é a nossa capital, em três anos. Então, um líder disruptivo, uma pessoa que pensou o futuro, que implantou bases para a gente dar um salto subsequente. Não sei qual vai ser o lema de um novo governo, mas eu sei que a gente precisa fazer pelo menos 40 anos em 4. Isso está muito claro”, declarou o governador por fim.
Partidos no tabuleiro de 2026
O posicionamento foi endossado por lideranças partidárias presentes que defenderam, além de um projeto de País, a importância da integração com o setor produtivo e da harmonia entre os Três Poderes, de modo a garantir melhor governabilidade do País.
Para o presidente do PSD, Gilberto Kassab, o próximo pleito eleitoral será sobre encontrar uma liderança capaz de unir a política nacional. “O Brasil precisa fazer o que fez o Chile uns anos atrás, que é a famosa concertação política entre o Poder Judiciário, Legislativo e Executivo. Existe muita tensão. Não é hora de você acirrar os ânimos, de promover enfrentamentos. É hora de encontrar um líder que possa ser respeitado pela esquerda e pela direita”, analisou.
Já o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, apontou que segue com o ex-presidente Jair Bolsonaro o poder da definição dos rumos da direita no próximo ano. Apesar dos recentes desdobramentos judiciais, Costa Neto diz que o partido ainda tem “esperança que Bolsonaro possa ser candidato”. Ele também compartilhou as pesquisas da sigla, que apontam a capacidade de 30% de transferência de votos do ex-presidente para outro possível candidato.
A Federação União Progressista, oficializada neste mês pelo União Brasil e o PP, já firmou sua posição na composição de chapa presidencial. Ainda assim, o novo grupo político busca aliados no empresariado para consolidar a campanha nacional, contra uma possível candidatura à reeleição do presidente Lula.
“A Federação União Progressista nasce com uma força muito grande. São 16 pré-candidatos a governos estaduais, mais de 26 candidatos ao Senado. E chapas completas para deputados federais e deputados estaduais. Não tenha dúvida de que a federação estará na chapa majoritária. Temos uma força que pende para o governador Ronaldo Caiado e também para a senadora Tereza Cristina”, disse Antonio de Rueda.
Mesmo com o adiantamento do processo eleitoral, os rumos do MDB serão definidos apenas no início do próximo ano, avaliou o presidente Baleia Rossi. Apesar disso, o partido já trabalha na elaboração de um projeto político para nortear as decisões da pré-campanha. “Nós estamos preparando um documento-projeto para apresentar em outubro, em Brasília, que é o que o MDB pensa sobre os pontos mais importantes do País. E, a partir daí, nós vamos discutir eleições“, afirmou.
Despesa e sustentabilidade fiscal
Mais uma vez, a preocupação fiscal retornou ao centro das discussões do cenário brasileiro. Lideranças empresariais e especialistas discorreram sobre a necessidade de se reavaliar as prioridades das despesas do Estado brasileiro, com olhares voltados para a redução de gastos, a eficiência e a qualidade das políticas públicas.
“O governo é grande demais, gasta demais”, afirmou o vice-chairman e chefe global de Políticas Públicas do Nubank, Roberto Campos Neto, que também é ex-presidente do Banco Central. Ele defende que o País tenha coragem para olhar para a estrutura do Estado e propor uma redução das despesas públicas.
A visão reverbera também em representantes do mercado. Para Isaac Sydney, presidente da Febraban, o Brasil precisa de um “freio de arrumação”. “Ou fazemos um freio de arrumação ou vai se tornar insustentável a trajetória da dívida. Não adianta olhar para o governo de plantão ou para o Congresso de plantão. Precisamos também da sociedade e do empresariado, que se vale de uma série de renúncias fiscais”, disse.
O economista Marcos Lisboa ponderou um meio-termo: “Vamos enfrentar o problema não no estado do bem-estar, mas nos vazamentos do Estado, capturado pelos interesses rentistas do setor privado. Não seria uma boa maneira de começar uma discussão?”.
Censura x regulamentação
A regulamentação das plataformas digitais foi tema de um dos painéis, composto por parlamentares atuantes na defesa do assunto. Os avanços mais recentes com o tema no Congresso vieram na forma do projeto de lei que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Digital, aprovado na Câmara na semana passada. A discussão abriu espaço para uma nova tentativa de regulamentar as plataformas digitais antes das eleições, matéria que já é gestada no Planalto.
Para o senador Alessandro Vieira, autor do projeto que cria o ECA Digital, o Congresso ainda precisa avançar no nível das discussões e despolarizar o tema: “É preciso compreender o que é o ambiente digital, e entender que ele não é isento ou democrático é um passo fundamental”.
O posicionamento foi endossado por parlamentares da base governista presentes no evento. Segundo o deputado federal Guilherme Boulos, é necessário assegurar o respeito às legislações dos países também no ambiente digital, de forma a coibir práticas criminosas.
“Transformar o debate de regulação das redes sociais em um tema de censura é ignorar a legislação existente sobre radiodifusão. […] Ninguém está propondo um polígrafo digital para saber o que é verdade ou mentira. O que está se propondo é que o ambiente digital não seja livre para o cometimento de crimes”, defendeu Boulos.
Orlando Silva, deputado federal e relator da proposta — inicialmente tramitada no Legislativo —, pondera que, diferentemente da narrativa de opositores, somente a regulamentação de redes sociais garantiria o exercício pleno da liberdade de expressão.
“A ideia de ambiente digital separado de ambiente real é cada vez mais tênue. E por isso é importante preservarmos a esfera pública do debate. Regulação das plataformas digitais só faz sentido se for para garantir a liberdade de expressão”, comentou.
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O que você precisa saber: O primeiro dia do 4º Fórum Esfera Brasil teve a presença dos governadores do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, além dos ministros dos Transportes e Cidades.
Por Esfera Brasil
O primeiro dia do 4º Fórum Esfera Brasil foi marcado por discursos contundentes pela defesa de reformas estruturantes para destravar o potencial de crescimento brasileiro. Nomes de peso dos setores público e privado chegaram ao consenso de que o País precisa avançar em reformas políticas e econômicas, na melhoria da governança e em marcos regulatórios de infraestrutura.
“Diagnósticos precisos são feitos no Brasil há muitos anos. O que faz a diferença é saber o que fazer, ter coragem para fazer e ter uma estratégia. É difícil implementar mudanças estruturais no Brasil”, disse o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes.
Em um cenário de restrições orçamentárias e pressões por responsabilidade fiscal, a convergência entre diferentes atores do setor produtivo e representantes do governo apontou para um consenso: sem a revisão de regras e benefícios fiscais, não há ambiente seguro para investimentos de longo prazo. É o que enfatizou o ministro dos Transportes, Renan Filho, ao defender uma reavaliação dos objetivos de isenções tributárias.
“Eu defendo que delimite-se um prazo para fazer uma avaliação dos benefícios [tributários], porque alguns não cumprem seu objetivo. Isso é gasto também. E a gente chama de incentivo fiscal porque é utilizado um eufemismo para não falar em gasto. Isso é fundamental para ajudar o Brasil”, declarou o ministro.
A posição foi reiterada pelo ministro das Cidades, Jader Filho, que defendeu o questionamento sobre o retorno dos benefícios fiscais para a sociedade brasileira. “Benefício fiscal não pode ser para a vida toda. A sociedade não pode pagar por determinado setor econômico do Brasil sem ter um benefício de volta. Quando você está no setor privado, você precisa ter clareza disso. A gente precisa questionar o retorno que a sociedade tem em relação a isso.”
Em contraponto, Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), ponderou a necessidade de o Executivo olhar para as despesas e revisar gastos como, por exemplo, os supersalários do funcionalismo público.
Reforma política
“Consistência política, acho que é o que é mais urgente para o Brasil”, afirmou o governador do Pará, Helder Barbalho. A frase ilustra bem o discurso feito por entes federativos presentes no evento. A defesa também ressoou nos discursos dos governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e de Minas Gerais, Romeu Zema.
Segundo diagnóstico de Barbalho, a relação entre Executivo e Congresso Nacional precisa de ajustes, de forma a incutir mais responsabilidades aos parlamentares sobre os projetos que votam.
“O que estamos vendo é uma relação política precária, que faz com o que nós tenhamos uma modalidade de semiparlamentarismo em que se dá os benefícios sem dar as responsabilidades ao Parlamento”, avaliou.
Já o governador carioca apontou a necessidade de uma mudança cultural nos formadores de políticas públicas. “É mais importante entregar um Estado equilibrado do que você ficar com dinheiro na mão. Fazendo gastança, o País não sairá do lugar.”
Infraestrutura
Nas discussões sobre infraestrutura e atração de investimentos estrangeiros, realizadas com a curadoria da Agência iNFRA e Instituto Esfera, respectivamente, representantes dos entes federativos e técnicos também comentaram sobre os investimentos nos estados e a necessidade de avanço na regulamentação de legislações aprovadas pelo Congresso Nacional.
A fragilidade foi apontada por Sérgio Guerra, conselheiro do Instituto Esfera e especialista da Fundação Getulio Vargas (FGV): “Eu diria que não precisa nem de uma grande reforma para o País em termos de infraestrutura. Mas precisamos fazer um fortalecimento da governança regulatória, e uma intervenção para que você tenha a aplicação da lei”.
A ideia foi reforçada por Renata Herani, presidente da Tecnobank. “A gente tem ambiente regulatório adequado e, apesar de muitas vezes termos boas leis, elas dependem de regulamentação para surtirem o efeito esperado”, ponderou.
Somos parceiros da Esfera BR, uma iniciativa independente e apartidária que fomenta o pensamento e o diálogo sobre o Brasil, um think tank que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva. Todas as opiniões aqui apresentadas são dos participantes do evento. O nosso posicionamento nesta iniciativa é o de ouvir todos os lados, neutro e não partidário.
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O que você precisa saber: O segundo dia do Fórum Esfera 2025 foi marcado pela presença de nomes como: Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, Raquel Lyra, governadora de Pernambuco, e Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal.
Por Esfera Brasil
“A boa política começa no Orçamento, não na propaganda.” A frase, proferida por Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, sintetiza o tom dos debates do segundo dia do Fórum Esfera 2025: uma convocação à responsabilidade fiscal como alicerce da credibilidade institucional.
“Este é um desses raros momentos em que o País precisa escolher entre adiar o inevitável ou enfrentar o inadiável. […] O brasileiro já apertou demais o cinto. Não é razoável que o Estado siga aumentando a própria barriga”, afirmou Motta.
A convergência de especialistas, autoridades dos Três Poderes e lideranças empresariais expôs o ponto de inflexão ao qual o Brasil se encontra neste momento de sua história. Ao longo de cinco painéis e dois discursos, o evento deste sábado provocou análises relevantes sobre temas centrais da agenda nacional – da responsabilidade fiscal à transição energética, da inovação em saúde e educação à transformação digital, da agenda legislativa à reestruturação da segurança pública. E todos puderam refletir sobre o movimento lançado pelo presidente do Conselho da Esfera Brasil, João Camargo, na abertura da plenária: #EssaContaÉNossa.
Agenda de reformas
O presidente Hugo Motta assumiu compromisso de avançar com o corte de isenções fiscais que trazem pouco retorno ao País e com a reforma administrativa.
“Estamos colocando na mesa de discussão as isenções fiscais que, ao longo do tempo, foram dadas em nosso país. Isenções essas que não têm o mínimo de acompanhamento sobre retorno e a contrapartida que deve ser dada a quem as recebe da nossa população. É uma conta que só aumenta”, declarou.
O discurso foi positivamente repercutido entre lideranças políticas e privadas. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que enxerga com bons olhos o esforço institucional para que se enfrente a agenda de reformas. “Eu acho que a disposição que foi manifestada aqui pelo presidente da Câmara, presidente do Senado, junto com diversos ministros e com o próprio presidente Lula, de discutir e enfrentar essa agenda estrutural, eu acho isso uma ótima notícia.”
Já no setor privado, lideranças do mercado financeiro também reforçaram a seriedade de composição para o avanço das pautas. “Um modelo baseado em ajuste fiscal pelo lado da receita não funciona mais”, pontuou Isaac Sidney, presidente da Febraban, sinalizando o esgotamento de medidas arrecadatórias de curto prazo. André Esteves, chairman do BTG Pactual, reitera que a necessidade do ajuste fiscal é imperativa. “Estamos a 15 meses de eleições majoritárias – e a urna vai cobrar responsabilidade.”
Transição energética
A pauta da transição energética ganhou destaque na programação do sábado. A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, enfatizou o protagonismo do Nordeste como vetor estratégico para a matriz renovável brasileira, posicionando a região não apenas como polo nacional, mas como referência global na produção de energia limpa. “O cenário é incerto, mas o Nordeste enxerga uma grande oportunidade de crescimento. A gente tem condições de praticar a transição energética como poucos lugares. É sabido por todos que o Nordeste tem grande potencial e inclusive exporta energia”, lembrou.
Já do ponto de vista do setor fóssil, o presidente da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa, alertou para os riscos de uma dicotomia artificial entre fontes energéticas em um cenário global marcado pela busca por segurança energética. “O Brasil deve evitar a armadilha do falso dilema europeu entre óleo e gás versus renováveis. Não se trata de uma escolha excludente – essas fontes precisarão coexistir por décadas”, afirmou ao defender uma transição energética pragmática e ancorada na complementaridade das matrizes.
O representante da Shell também abordou os impactos da guerra tarifária sobre o setor energético, destacando o ambiente de volatilidade e incerteza no curto prazo. “O cenário atual levanta dúvidas relevantes sobre a demanda global e os efeitos diretos da guerra tarifária no fluxo internacional de comércio”, avaliou. A análise foi endossada por Gustavo Pimenta, CEO da Vale, que ressaltou os reflexos negativos sobre o mercado de commodities: “O nível de incerteza é elevado, mas sou otimista. A Vale tem a oportunidade de ser líder no fornecimento de minerais críticos”.
Reforma política
A edição também contou com a participação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Durante discurso, o ministro comentou o sistema de votação para a eleição de deputados federais. “O eleitor vota em quem ele quer, mas elege quem ele não sabe. Menos de 5% dos deputados são eleitos por votação própria, e a maioria é eleita por votos dados a outros candidatos. O eleitor não sabe exatamente quem ele colocou lá”, avaliou.
O presidente ainda citou um comportamento atual do eleitorado brasileiro. “A democracia tem lugar para todo mundo, mas a civilidade é um valor que vem antes da ideologia, mas que nós perdemos e temos que recuperar”, declarou.
Segurança pública
Representantes de diferentes correntes políticas falaram sobre a PEC da Segurança Pública, apresentada pelo governo ao Legislativo. Segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Capitão Derrite, o texto apresentado não versa sobre os principais gargalos do País.
“A minha crítica à PEC é que ela não ataca o principal problema: a reincidência criminal. Ela acaba criando diretrizes de natureza obrigatória para governadores. Mas tenho certeza de que todos eles estão aptos para uma coordenação”, comentou.
Já o deputado federal Rubens Pereira Jr. avaliou a importância de constitucionalizar a segurança pública. “Constitucionalizar o tema é importante. Já fizemos isso com a saúde e com a educação e chegou a hora de fazer isso com a segurança pública. Quando a gente constitucionaliza, você torna a política pública perene e permanente. O Sistema Único de Segurança Pública foi criado no governo Temer, e o governo Lula viu que essa política é tão boa que acha que o tema tem que ir para a Constituição.”
Para o secretário de Governo de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, o cenário futuro se mostrou positivo: “Em segurança pública não há protagonismo, há integração. Eu acho que em 15 ou 20 anos nós vamos ter um mundo muito melhor na questão de segurança”.
Inovação na gestão pública
O prefeito do Recife, João Campos, destacou que o maior desafio para promover inovação na gestão pública reside na transformação cultural da própria máquina estatal. De acordo com ele, é essencial romper com estruturas burocráticas e apostar em instrumentos que posicionem o cidadão como protagonista das decisões governamentais, independentemente dos ciclos políticos. “A gente tem que olhar para quem de fato importa, que é o cidadão, sendo proativo para colocá-lo no centro das ações”, disse.
A secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, compartilhou sua vivência no setor público e ponderou que a inovação já está sendo endereçada. “Acho que a gente tem uma visão preconcebida do setor público. O setor público tem feito a diferença, tem inovado, vivencio isso muito fortemente. A gente tem vasos comunicantes mais do que a gente imagina”.
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