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O que você precisa saber:
O governo francês está tomando medidas para combater as quedas na produção e venda de vinhos do país. A França estima gastar R$ 719 milhões para destruir 4% de seus vinhedos.
A França, principal produtora e mundialmente reconhecida por seus vinhos de excelência, está vivendo um momento histórico que tem deixado tanto produtores quanto enófilos perplexos. Em meio a um cenário de queda na produção, o consumo também está reduzindo e impactando os produtores.
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Depois da produção mundial de vinhos atingir o menor patamar em 60 anos em 2023, a expectativa é que a França tenha uma redução de 22% neste ano devido ao mau tempo nas regiões produtoras. De acordo com o Ministério da Agricultura, a queda na produção se deve às condições climáticas desfavoráveis que afetam todas as áreas de cultivo, com os vinhos das regiões de Borgonha, Beaujolais e Champagne sendo os mais afetados.
Apesar da produção estar em patamares baixíssimos, a oferta global de vinhos permaneceu em excesso, o que indica que a demanda está em ritmo de queda. Na França, com o recuo nas vendas, o governo está oferecendo 4 mil euros para os produtores destruírem os vinhedos. A expectativa é que o país gaste R$ 719 milhões para destruir 4% de suas plantações. Com isso, o objetivo é reduzir a oferta para que, mesmo com menos gente comprando, o preço dos produtos não despenque.

A crise francesa dos vinhos pode ser explicada por dois fatores: mudança de hábito dos consumidores e queda nas exportações. Segundo estudo realizado pela rádio francesa de notícias (RFI), menos de um terço dos apreciadores de vinho têm menos de 40 anos. Além disso, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho indicou que está ocorrendo uma mudança no consumo, com o vinho tinto substituído por vinhos espumantes, rosés ou brancos com teor alcoólico mais baixo.
Por outro lado, as exportações de vinhos franceses caíram 10% em 2023 na comparação com 2022. O principal motivo é que a China está comprando menos vinhos da França, e, segundo a rádio francesa, o país asiático produz seu próprio e começou a importar de outros mercados, como Espanha e Itália.
Diante desse cenário, a França, berço de vinhos icônicos e de tradições vitivinícolas centenárias, enfrenta uma encruzilhada que vai muito além das condições climáticas. A combinação de queda na demanda global, mudança nos hábitos de consumo e o aumento da concorrência internacional está forçando o país a repensar sua estratégia no setor.
O incentivo governamental para a destruição de vinhedos pode ser visto como uma tentativa de estabilizar um mercado em crise e preservar o valor dos vinhos franceses. No entanto, o futuro da indústria pode depender da capacidade de se reinventar e se adaptar a um público cada vez mais diverso e exigente.